'Não é a roupa que uso que vai dizer como agir'

Na sessão desta terça-feira (1) da Câmara Municipal de Brusque, a vereadora Marli Leandro (PT) lembrou sobre os 50 anos do golpe militar que culminou com a ditadura de duas décadas no Brasil. Algo que, em sua avaliação, guarda uma página que deveria ser esquecida pela sociedade, mas que, por outro lado, serviu para fortalecer os ideais de democracia.
De início, usou como fonte as manifestações feitas pelos servidores públicos na greve em Brusque da semana que passou, uma referência a palavras ditas na tribuna por Ivan Martins (PSD), que teceu elogios ao movimento deflagrado pelo sindicato da categoria, o Sinseb. Que bom que a população e os servidores públicos podem se manifestar livremente hoje em dia.
E essa liberdade, frisou a petista, somente foi conseguida graças a muito sangue derramado por outros no passado. As pessoas que tentavam fazer diferente daquilo que se propagava eram torturadas, perseguidas, mortas. Que a gente não permita a ditadura nunca mais, frisou na tribuna.
Marli disse que se vê várias atrocidades ainda acontecendo depois de 50 anos e que algumas coisas preocupam atualmente. Citou caso ocorrido em março, quando uma mensagem convidava para a marcha da família, o que seria uma nova tentativa de golpe, já que, em sua avaliação, se assemelhou-se ao que ocorrera quando do golpe militar. O que me preocupa é que há pessoas que não têm noção, não viveram nesse período para saber como era, defendendo a ditadura militar em nosso país.
Para ela, por mais problemas e distorções que a democracia carregue, houve muitas lutas para que a sociedade pudesse viver a realidade que vive hoje em dia. Apresentou no telão uma pesquisa elaborada pelo Ipea (Instituo de Pesquisas Aplicadas), divulgada na semana passada e que mostra respostas s de um grupo de entrevistados sobre violência contra a mulher, mais especificamente nos crimes de estupro. A culpa por casos desta natureza, de acordo com a sondagem feita pela pesquisa, é da própria mulher.
Para Marli, as perguntas aplicadas na pesquisa são direcionadas para uma resposta. Vivemos em uma democracia, tenho o direito de ir e vir e não é a roupa que estou usando que vai me fazer agir desta ou aquela maneira.
Em aparte, Valmir Ludvig (PT) disse que há muitas insinuações e comentários que discriminam a mulher. A maioria faz referência apenas a elas e não ao homem, ainda que ele realize as mesmas ações e atitudes.
Felipe Belotto (PT) disse que a pesquisa tenta legitimar uma violência que é inaceitável nos tempos atuais.