Gestor fala sobre rebelião

O atual gestor da Unidade Prisional Avançada (UPA) de Brusque, Giovane Bleichuvel, recebeu a reportagem da Rádio Cidade na manhã desta terça-feira (1º) para explicar as razões por trás do motim que ocorreu nesta segunda (31). Na ocasião, vários detentos, de forma progressiva, se rebelaram, colocando colchões nas janelas das celas, impedindo o acesso dos agentes prisionais, além de estarem chutando as portas das respectivas carceragens.

De acordo com Giovane, as causas do levante são as históricas, principalmente a da superlotação. Apesar de entender a situação e o colapso em que o sistema prisional brasileiro vive, o superintendente afirma que vem fazendo todo o possível para amenizar a situação. "Estamos além do dobro da capacidade e isto é no estado todo. A gente tenta negociar com o Judiciário, sempre amigo, junto do Departamento Estadual de Administração Prisional (Deap), para tentarmos amenizar esta situação", disse.

O gestor fez questão de ressaltar, durante a entrevista, que sempre que um preso chega até a unidade carcerária brusquense com mandados de prisão provenientes de outros estados, ele é logo transferido, justamente para evitar que a situação da lotação se agrave. "Hoje aqui não possuímos nenhum preso com mandado de prisão de outro estado". Ele citou estados como Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul, Bahia, entre outros como alguns dos destinos recentes de presos que pararam na Upa Brusque.

O levante dos detentos ocorreu por volta de 10h30min, sendo que os agentes tiveram que usar da força, por meio de spray de pimenta e balas de borracha para contê-los. "Com a chegada da PM, conseguimos controlar de vez a situação e partir para um diálogo com eles. Já está tudo tranquilo, tudo normal", ressalta Bleichuvel.

Paralisação

Outro assunto abordado durante a entrevista foi o da greve dos servidores públicos, que já há algum tempo também está ocorrendo na unidade. Segundo Bleichuvel, não se trata de greve, propriamente dita, e, sim de uma paralisação temporária. "A gente está cumprindo os cronogramas de audiência, para não tirar nenhum direito do detento, fazemos as escoltas de saúde, recebemos presos da delegacia, então se trata de uma paralisação parcial". Inclusive uma das principais reivindicações dos presos é de que não ocorra mais a vinda de presos, porque senão, "vão continuar a fazer baderna na unidade", de acordo com Giovane.

Ressocialização

Num recado à comunidade brusquense e, finalizando a entrevista, Bleichuvel relatou que a sua gestão vem sendo marcada pela tentativa incessante de ressocializar os detentos ali encarcerados. "A gente tem um monte de projetos em pauta", disse. Estudos, trabalhos remunerados ou com a redução da pena, horta, entre outros. Ele solicita que as empresas ajudem e ofereçam serviços aos detentos para que possam voltar para a sociedade de maneira honrosa.

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