O Dia 7 de abril também é lembrado como a data do Médico Legista. Brusque, hoje em dia, conta com um profissional da área atuante no Instituto Médico Legal. Rafael Saádi Junior trabalha no município há 14 anos.
Ele conta que o atendimento é principalmente feito com óbitos – no sentido de determinar causas de mortes violentas. “Nós atendemos, exclusivamente, mortes de origem violenta, que incluem acidente de trânsito, homicídio e suicídio, principalmente”, conta. Além das causas de mortes, também são atendidas as situações de lesão corporal. “Exames de lesão corporal, que incluem vítimas de agressão, acidente de trânsito ou lesões de ordem sexual, como estupro e atentado violento ao pudor”, completa.
Há cerca de seis meses, Saádi Junior tem realizado as atividades dn IML sozinho, pois o outro médico legista está em processo de aposentadoria, que deve ocorrer em meados de maio. “Nesses meses, os quais eu atuo sozinho, os plantões são compartilhados com outros IMLs, principalmente com Itajaí e Balneário Camboriú – justamente porque a carga horária se torna excessiva e inadequada apenas para um legista”, explica. Ele ainda afirma que, por mês, o Instituto realiza cerca de 100 exames de lesão corporal e aproximadamente 10 a 12 óbitos de ordem violenta mensal. “Além de atendimento eventual que se faz nos hospitais”.
Dentro de um mês, ele trabalha em regime de plantão por 20 dias corridos. Agora, com apenas um médico legista, a jornada de trabalho se tornou ainda mais pesada. “Isso resulta, claro, em desgaste físico e emocional. E inconvenientes à população por, eventualmente, o núcleo não poder atender às necessidades do município, porque necessitamos de folga e o Estado nos oferece isso”, analisa o médico ao falar sobre as dificuldades enfrentadas por ele – visto que o profissional sofre certo desgaste por atuar sozinho em um trabalho que exige tanto do físico quanto do psicológico – e também da população, já que muitas vezes necessita recorrer aos outros municípios em busca de atendimento – o que acaba retardando a finalização da precisão da comunidade.
Além da formação de seis anos em medicina, a especialização em alguma área, o médico legista ainda passa por um concurso público regido pelo Governo do Estado e por um curso técnico oferecido pela Academia de Perícia, em Florianópolis. “A atuação na medicina legal exige, principalmente, de equilíbrio. Gostar de atender e de pessoas, como todo médico. E no caso de óbitos, você tem que encarar o paciente que faleceu como um paciente [comum]; ainda tem uma família por trás disso, que muitas vezes precisa receber uma notícia”, pontua. Para ele, o médico da área deve ter paciência, formação moral e ética, séria e concreta, para não se envolver em emoções e problemas da ética profissional.