UNIFEBE promove evento voltado à conscientização da causa animal
“O problema não é o animal, é o que fazem com ele. É o ser humano que não castrou, maltratou, abandonou”. São com essas palavras que a organizadora da 3ª edição do evento “Eu Sou Animal” — evento promovido pelo curso de Direito da UNIFEBE — Ana Selma Moreira, descreve a importância de conscientizar a sociedade sobre essa causa.
O evento foi realizado no campus Santa Terezinha durante a noite de quinta-feira, 26 de abril e sexta-feira, 27. A programação contemplou exposições, palestras, venda de alimentos vegetarianos e veganos, além do lançamento do livro Eu Sou Animal — obra com mais de 400 páginas em 15 capítulos escritos por professores e acadêmicos.
Pela primeira vez, alimentos veganos como bolo de chocolate, trufas de amendoim e tortilhas árabes (sem glúten e sem açúcar) foram trazidos ao evento. Vicente Lando, da Viajante Vegano, afirma que o veganismo é muito mais do que cuidar da saúde pessoal e sim não explorar os animais em nenhum aspecto, seja por meio de produtos testados em animais, na gastronomia ou no vestuário.
— Fiquei impressionado com esse evento, pois trazer essa cultura para quem já está em processo de evolução intelectual, que são os acadêmicos, só tem a somar — analisa Lando.
Ligia Maria Colangelo de Mello Oliveira, fundadora e atual tesoureira da Pró-Bichos, entidade de Navegantes (SC) que também defende a causa animal, enfatiza que somente a educação pode conscientizar a sociedade.
— O cerne do problema é o ser humano, os animais são vítimas. Fico extremamente feliz por ver toda uma universidade voltada para esse tema, dentro de uma visão holística e de respeito à vida — salienta Ligia.
Ekachakra Pran Das, devoto do Movimento Hare Krishna do templo de Itajaí, observa que a filosofia da doutrina religiosa tem “total relação” com à causa animal.
— Não somos o corpo, somos a alma. Somos uma alma espiritual eterna. Por isso, todo organismo biológico merece ser respeitado. A vida vem da alma — ressalta o devoto.
Vaquejada
A Vaquejada — atividade cultural brasileira que envolve um boi solto em uma arena e dois vaqueiros montados em um cavalo, que tentam derrubar o animal pela calda dele — foi tema de palestra durante o Eu Sou Animal.
Na ocasião, o pesquisador de Direito Animal, Rafael Speck de Souza, falou sobre a vedação da crueldade animal pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e o retrocesso decorrente da Emenda Constitucional 96/2017, a qual determina que práticas desportivas utilizando animais não são consideradas cruéis.
Segundo ele, debates como esse na academia são essenciais para trazer um novo olhar social.
— O Direto Animal é um desafio para o Direito, pois mexe com uma das crenças mais fortes que tem da sociedade, o antropocentrismo. Eventos como esse oportuniza que novos paradigmas sejam criados na universidade e trazem uma nova ética voltada ao respeito aos animais — defende Souza.