A vontade de ajudar e fazer a diferença levou uma família brusquense a fundar uma casa de cuidados para pessoas com necessidades especiais. Uma decisão difícil e que ia demandar muita responsabilidade. Mas os obstáculos não venceram o amor ao próximo. Em 4 de junho de 1996 o Lar Menino Deus abria as portas em Brusque, em uma casa da família fundadora, no Jardim Maluche.
A notícia de uma casa de cuidados para pessoas com necessidades especiais, a primeira de Brusque, correu rápido, e não demorou para que os primeiros moradores chegassem. O Lar Menino Deus iniciou as atividades com oito moradores, que dependiam de atenção e cuidados especiais 24 horas por dia.
“Queríamos ajudar pessoas de alguma forma. Pesquisamos e vimos que em Brusque não tinha nenhuma casa para acolher pessoas com deficiência intelectual. Nossa intenção era acolher pessoas sem família, que não tinham ninguém para recorrer. Por isso fundamos o Lar Menino Deus. Essas pessoas com deficiência intelectual e física são dependentes para fazer quase tudo. Não podem ficar sozinhas”, conta Dona Helena Dias, diretora da instituição.
Todas as despesas com o Lar saiam da conta da família, e os custos não paravam de crescer. Por isso, outras formas de aumentar a renda tiveram de ser procuradas. Desde 1998 o Lar Menino Deus conta com a ajuda de doações, ações promocionais, festas e eventos de arrecadação de fundos, e uma verba da prefeitura também ajuda nos custos.
Atualmente o Lar funciona no Bairro Águas Claras, na rua João XXIII. São 13 moradores que dividem um espaço amplo, com sala de integração, quartos separados para homens e mulheres, capela, um espaçoso jardim, refeitório e espaço de convivência. Para cuidar dos acolhidos, o Lar conta com uma equipe de 21 colaboradores, entre eles quatro cuidadores, psicóloga, fisioterapeuta, psicopedagoga, serviços gerais, cozinheira, setor administrativo, uma equipe de telemarketing que faz a captação de recursos, e mais duas professoras. Os custos mensais ultrapassam R$ 50 mil. “As despesas são muitas. Até medicação é necessária ser comprada às vezes, já que não é sempre que tem na rede pública”, lembra Dona Helena. Todos os moradores precisam de medicação diária.
Os frequentes trabalhos de arrecadação de fundos surtem resultado e, por isso, é possível oferecer uma boa qualidade de vida aos moradores do Lar Menino Deus. Entretanto, Dona Helena afirma que é possível fazer mais. “Este ano está bastante difícil obter mais doações, e sabemos que podemos fazer um trabalho ainda melhor com nossos moradores”.
O Lar não tem mais vagas, e só é possível realizar um bom atendimento com o número atual de moradores. Dona Helena é tutora legal de 11 dos 13 residentes. Isso porque a maioria chegou lá sem família, sem responsável, pois estavam em situação de vulnerabilidade social. Alguns passam a vida toda no Lar Menino Deus. É o Caso de Adriana, uma moça de 18 anos, que passou a fazer parte do Lar com 8 meses de idade.
Em junho de 2016 o Lar Menino Deus completa 20 anos. E mesmo assim, muitos brusquenses ainda não conhecem o trabalho realizado. “Temos 20 anos de fundação e muita gente ainda não conhece. Ou já ouviu falar, mas nem sabe o que fazemos. Tem gente que acha que o Lar é uma creche, ou que cuidamos de idosos. Pedimos que as pessoas visitem o Lar Menino Deus”, diz Dona Helena. A instituição não tem horário determinado para visita, e está sempre aberto.
A elegante Marisa deixa saudades
Marisa Gonçalves Cordeiro passou a morar no Lar Menino Deus em 1998. Era conhecida por sua risada alta e por ser vaidosa, gostava de estar sempre muito bem vestida e adorava a cor rosa. Na última sexta-feira, 11 de março, Marisa faleceu devido a complicações de saúde. Tinha 55 anos.
Por ter sido bastante calma e carinhosa, Marisa tinha amizade com todos os moradores. Era portadora de deficiência intelectual moderada e precisava de ajuda para sentar, deitar, se alimentar e se higienizar.
Marisa gostava de conversar e assistir televisão para comentar as notícias com os colaboradores da entidade.