A necessidade de aumento do efetivo policial foi o principal tópico abordado em reunião entre representantes políticos, empresários e da Polícia Militar, na noite desta segunda-feira (30), em Brusque. Foi o segundo encontro para abordar o tema no mês. Entre os participantes estava o comandante-geral da PM no estado, coronel Dionei Tonet, que ouviu as demandas da região e detalhou o modelo técnico para a distribuição de novos policiais. 

O comandante destacou o uso da tecnologia para otimizar a atuação da PM no estado e reconheceu dificuldades na distribuição de policiais em algumas regiões. O Vale do Itajaí e Litoral Norte, segundo ele, acabaram recebendo pouco efetivo nos últimos anos em função do modelo adotado para a distribuição dos policiais. 

Na área de abrangência do 18º BPM, sediado em Brusque, o baixo efetivo fica mais evidente em Guabiruba. Ela foi indicada por dados apresentados pela Câmara de Dirigentes Logistas (CDL), como uma das piores do estado na relação número de policiais por número de habitantes.
“Nós tivemos, nos últimos três anos, um número muito grande de policiais indo para a reserva”, comentou. “Tanto que o efetivo foi encolhendo. Todas as nossas cidades tiveram, a grande maioria delas, redução de efetivo. 

Segundo ele, a proposta feita ao Governo do Estado é um plano para a inclusão de 500 novos policiais por ano, capacidade máxima de formação atual da PM em ciclos que devem levar cinco anos. Com a medida, espera equilibrar o número de policiais que saem para reserva e a distribuição de efetivo no estado. 

Pelo modelo apresentado, as cidades com coeficientes piores da relação de número de ocorrências por número de habitantes devem ser priorizadas. O foco, na avaliação dele é frear o crescimento de reservas remuneradas para evitar uma piora na prestação dos serviços das cidades que estão em condições mais críticas.  

Concurso e região 

A projeção do comandante é que um edital para o novo concurso para a Polícia Militar seja aberto ainda no mês de setembro. Com isso, em fevereiro do próximo ano, uma nova turma de 500 policiais estariam em formação para seguir com o ciclo de renovação do quadro. 

Ao avaliar a situação do 18º BPM, o coronel reconhece a necessidade de mais pessoal. “Temos uma classificação de cidades que estão abaixo do nível ideal e tem cidades que estão acima do nível ideal. Brusque, hoje, está abaixo do nível ideal e nós entraremos com mais efetivo na próxima distribuição, no início do ano que vem, mas é importante dizer que não conseguirei resolver o problema de Brusque em uma única oportunidade”, resumiu. 

De acordo com ele, até ser possível destinar para cidade um efetivo compatível com outras cidades de mesmo porte do estado, a tecnologia, melhorias e potencialização de equipamentos, além da interligação entre as unidades devem servir para garantir a qualidade do serviço prestado.

Uso da tecnologia

Outro ponto destacado pelo coronel foi o uso de ferramentas tecnológicas para otimizar o número de pessoal reduzido. Se, na década de 80, era necessário cerca de 4 horas e meia para atendimento de uma ocorrência de menor complexidade, hoje, elas são feitas em 28 minutos, em média.

De acordo com ele, o investimento da PM também tem focado na compra de servidores para interligar os sistemas e, com o apoio de inteligência artifical, criar alertas para atendimento de ocorrências pelas equipes na rua. “Não tenho como ter um policial em cada esquina, mas tenho como ter uma câmera”.

Além da medida, houve redução de 9% para 6% o número de policiais em atividades burocráticas. A tendência, segundo ele, é que isso seja reduzido ainda mais com o Isso deve reduzir ainda mais com o uso de mão de obra contratada para esta finalidade.

Autoridades reforçam pedido
Entre a classe política, o prefeito de Brusque, Ari Vequi, reforçou a necessidade de mais pessoal na região como forma de evitar uma queda na qualidade dos índices ligados ao setor. “O que falta, hoje, é pessoal, precisamos aumentar o número de efetivo”, resumiu. Já o prefeito de Guabiruba, Valmir Zirke, destacou a dificuldade vivida no município, onde há dificuldade de manter todas as viaturas em operação, por falta de efetivo.
Na avaliação do deputado Coronel Onir Mocellin, que intermediou o encontro, a aproximação entre o comandante e os representantes da sociedade local é uma sinergia positiva e que deve resultar na melhoria da segurança pública local. “Entendemos a dificuldade da segurança pública, entendemos a falta de efetivo, mas uma melhor equalização de efetivo no estado também vai trazer mais benefício para a nossa sociedade”.

Entre os representantes de entidades de classe, a preocupação com o tema foi no sentido de antecipar possíveis reflexos no futuro da região. “Por sermos bons, termos ótimos índices, somos punidos e, daqui a pouco, não teremos mais estes índices”, resumiu a presidente da Associação Empresarial de Brusque (ACIBr), Rita Conti. Para Marcelo Gevaerd, presidente do Sindilojas, acredita que o movimento é de antecipação por parte das entidades da sociedade civil. “Para nós não termos problemas no futuro, precisamos pedir e foi o que nós fizemos. Pedimos mais policiais neste momento.”

Assim como eles, o presidente da CDL Fabricio Zen, acredita que a avaliação do encontro foi positiva e é importante a busca por um tratamento isonômico entre as diferentes regiões do estado. Na avaliação dele, apesar da cidade ter sido contemplada com um policial da última turma formada, ainda está abaixo do esperado. Ele considera o ideal, um policial a cada mil habitantes.“Estamos com 82 policiais na linha de frente e nós precisamos chegar, pelo menos a 140 policiais.”