Para os aventureiros descobridores do mundo repetir um destino talvez seja perda de tempo. Aliás, para que voltar ao mesmo lugar se existe o mundo inteiro pela frente? Mas não precisa de muito tempo para que Aspen te convença do contrário. As montanhas te esperam de braços abertos para mais uma, duas ou quem sabe cinco temporadas.

“Não precisei de outro lugar”, diz Juliano Sacramento (27), natural de Belo Horizonte, que já vem pelo quinto ano. A primeira temporada foi no inverno estadunidense de 2008/2009. Ficou sem vir no ano seguinte, mas a partir de 2010/2011 não faltou um até então. Na busca de uma experiência fora do país, Juliano escolheu Aspen pela possibilidade de praticar o snowboard, mas não conseguiu se adaptar ao Brasil novamente. “Continuo voltando pela qualidade de vida, pela prática do snowboard e pelas pessoas que conheci. Cada vez é única. Sempre tem algo de diferente, novo, mas sempre com um link com a temporada anterior”, afirma.

O jovem já trabalhou em sorveteria, restaurante e atualmente, pela segunda temporada seguida está em um ski & board shop, loja de aluguel e venda de equipamentos. Entre todos, a loja é o que fez Juliano mais feliz. Pelo ambiente descontraído, pessoas e atividades, esse é, “de longe”, o trabalho favorito dele.

Entre as dificuldades, para ele, o maior desafio é quando se trata de saúde, apesar de nunca ter precisado acionar o seguro, já acompanhou de perto vários amigos que usaram o serviço. “Precisar de ajuda médica por aqui é bem complicado no que diz respeito a cobertura dos seguros oferecidos pelas companhias no Brasil. A troca de responsabilidades entre os hospitais/clínicas e as agências de intercâmbio/seguradoras é bem extensa e acaba por incomodar demais quem precisou usar um serviço que foi garantido antes da viagem”.

Juliano descobriu a paixão pelo snowboard aqui em Aspen. “Definitivamente o snowboard mudou muita coisa na minha vida. A relação com as pessoas que praticam, a interação com o meio em que se pratica e a forma como meu corpo enfrenta os limites do esporte como frio, resistência e força muscular”, pontua. As pistas são dividas em graus de dificuldade. Verde são as mais fáceis, seguidas das azuis para intermediário e pretas para quem já tem mais experiência. Depois de cinco anos praticando, ele já se arrisca nas pistas mais difíceis da montanha. Mas, segundo ele, a evolução tem sido gradativa e sempre com cautela, já que é bem fácil se machucar.

Depois de tantos anos prolongando a faculdade para poder continuar no programa, Juliano já está formado e essa foi a última oportunidade no work & travel. Graduado em Engenharia Ambiental, ele diz que a formação era uma meta pessoal e não pretende seguir carreira na área. Apesar da sociedade pressionar a forma de se levar a vida, Juliano afirma sem preocupação: “essa história de construir carreira, família e segurança é de outra época, talvez a dos meus pais. Hoje, levar a vida de uma outra forma é prioridade. Se pudesse voltar no tempo, não faria muita coisa diferente de como fiz não. Talvez ajeitasse uma coisinha aqui, outra ali”.

Direto de Aspen, da repórter Phamela Hinhel