Paixão pelo radioamadorismo
A fixação originada pela possibilidade de poder se comunicar, instantaneamente, com qualquer pessoa num raio de centenas e, até mesmo, milhares de quilômetros. É esse sentimento que move Klaus Clovis Barg (41). Nascido em Brusque nos idos de 1972, ele herdou do tio a paixão pelo radioamadorismo.
Sempre fui ligado à eletrônica. Já trabalho com isso desde os oito ou nove anos de idade e foi inevitável essa paixão. Uma vez fui na casa dele em Curitiba e só saí de lá quando montei um pequeno transmissor. Já tinha dez anos e vim com o transmissor na mão. Por volta dos 14 anos a gente já começou a fazer as nossas primeiras transmissões em ondas curtas, numa distância um pouco mais longa, ressalta Klaus, remontando a origem da fixação pela latinha, como são chamados os aparelhos transmissores de rádio.
Tecnologia velha? Ultrapassada? Rudimentar? Pouco útil? Nada disso. Muito pelo contrário. Segundo Klaus, a tecnologia do rádio pode ser utilizada em outras plataformas. Ele cita, entre outros, o fato de, já na década de 80, existir em Brusque um princípio do que hoje seria a internet sem fio, através de ondas de rádio. Por meio delas, computadores da cidade eram interligados com os da Universidade Federal de Santa Catarina (Ufsc), em Florianópolis.
O radioamadorismo tem muitos segmentos e modalidades. Dentre eles se destacam o digital, a reflexão lunar. Acredite se quiser, mas também a telegrafia, VHF, UHF. Para Barg, a burocracia, os impostos e as dificuldades no acesso aos equipamentos fazem do hobby uma maneira cara e, por vezes, proibitiva de se divertir. Quando você vê o preço desses equipamentos lá fora e depois aqui no Brasil, a gente paga três ou quatro vezes o valor. Os preços de equipamento de transmissão podem variar de R$ 300 até R$ 100 mil, diz ele.
Apesar disso, a criatividade, o fato dos radioamadores poderem montar seu próprio equipamento compensa as dificuldades. O radioamadorismo brasileiro é mais criativo do que em outros lugares do mundo, talvez por essas dificuldades, completa.
Para você que leu até aqui, aposto que já sentiu vontade de, ao menos, conhecer um pouco mais sobre o assunto. Mas não vá pensando que é só pegar um transmissor e sair falando por aí. É definido como radioamador a pessoa que fez o curso da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), relata. O Coer, Certificado de Operador de Estação de Radioamador, sela a autorização para a pessoa transmitir e copiar os radinhos.
Impossível falar do radioamadorismo sem citar a sua importante função social. Funcionando como um meio de comunicação de reserva, cabe a ele suprir a falta de telefonia móvel e fixa, entre outros, em períodos de calamidade. Como o da enchente de 2008. Já aconteceu? Já. Em 2008 descarregou baterias de repetidoras, postes caíram, então tivemos que suprir a falta de comunicação, relata. Para operadores licenciados é permitida a entrada na freqüência da polícia e dos bombeiros em momentos de emergência extrema.
Apesar de ser radioamador há cerca de 20 anos, Klaus não soube precisar a origem do hobby em Brusque. O radioamadorismo na cidade é uma coisa muito antiga, relata. Ele é membro da Arab, Associação de Radioamadores de Brusque.