Inovação aguardada e a caminho
7 de novembro de 2013, Dia do Radialista e um marco para as ondas do rádio brasileiro. Data em que foi assinado no Palácio do Planalto, em Brasilia, pela presidente Dilma Rousseff, o decreto que autoriza a migração do rádio AM para a freqüência FM. Para isso, os proprietários terão de pagar um valor definido pelo governo, comprovar regularidade fiscal e trabalhista, além de apresentar um projeto de viabilidade técnica. Não haverá obrigatoriedade, mas a tendência é que, aos poucos, essa mudança ocorra até que a freqüência de amplitude modulada (AM) desapareça.
Para o diretor da Rádio Cidade de Brusque, Aldo Fachinello, há 46 anos na radiodifusão, esse é um momento de vitória para o AM e o primeiro passo da era digital do rádio. Vivemos de expectativa. Houve uma expectativa em 1980 sobre o rádio AM estéreo, que não deu certo. Uns anos atrás, começou a se falar no rádio digital, uma possível solução, mas, infelizmente, não se vê nada de positivo e nós estamos aí numa expectativa muito grande, comenta ele.
Espelhado no México, o Brasil acordou e começou a pressionar o governo para que essas mudanças ocorressem. Embora a espera tenha sido longa, Fachinello não acreditava que isso fosse ocorrer de forma tão repentina. Estou surpreso. Mas nós teremos uma solução para o problema. Vamos acordar numa outra realidade. Estou com 62 anos e começando a me sentir feliz porque vou ver uma possibilidade de a gente poder sair de uma frequência de rádio que está desaparecendo. O sonho que vai se realizar.
Apesar dos problemas apresentados pelo rádio AM, a presidente Dilma Roussef ressaltou a importância do mesmo para a história do país. Francisco Carlos Nunes da Silva (30) anos de rádio e coordenador de equipe de jornalismo da Rádio Cidade AM, concorda e relembra que o AM é um patrimônio do Brasil. O AM fez história na comunicação, nas duas guerras, por exemplo. As pessoas acompanhavam só pelo rádio, antes mesmo da TV. Eu só fui conhecer TV por volta dos anos de 1973 e 1974. Até ali, o rádio imperava totalmente e acompanhou os principais fatos históricos, como as copas, o surgimento das rádionovelas, programas de auditório. Todos os programas de TV vêm do radio. O rádio tem um historia muito bonita e vai deixar saudade, destaca Francisco.
Para Aldo Fachinello, algumas transmissões têm um padrão AM de ser que deixam a comunicação diferenciada. E vão deixar saudade. A Rádio AM vai desaparecer e a gente vai sentir muita saudade. O futebol transmitido no AM é mais sensacional, mais gostoso. A própria notícia tem mais graça, mas conteúdo. O FM foi criado para ser mais musical, mas também está mudando. O seguimento que temos do AM, será muito bom no FM, opina o diretor da Rádio Cidade.
O radialista Dirlei Silva, apresentador do Rádio Revista Cidade, enxerga que haverá uma integração maior de público entre site e rádio. Um avanço significativo que atinge, principalmente, as emissoras do interior. Com 33 anos em rádio, penso que o ato de ontem vai ser um divisor importante, especialmente para a Rádio Cidade. Com o jornalismo que estamos oferecendo, vamos nos aproximar de um outro público, um público que o nosso site já alcança e que a tecnologia do rádio AM não oferece, comenta.
Colaborou: Francisco Carlos