Brusque precisa de mais tradutores/intérpretes de Libras

Neste sábado (26) comemora-se o Dia Nacional do Surdo. Muitas ações estão sendo planejadas em todo o país para a data.
Mas, curiosamente, muitas delas esbarram em uma dificuldade: encontrar um tradutor/intérprete de Libras, a Língua Brasileira de Sinais.
Além do Português, a Libras é a segunda língua oficial do Brasil. No entanto, há uma grande carência de profissionais formados em Letras/Libras. Em Brusque não é diferente. Apesar de muitas pessoas conhecerem a língua, apenas dois intérpretes são credenciados como profissionais na cidade.
Para se ter uma ideia do tamanho desse mercado, só na Associação de Surdos de Brusque (Asbru) são 50 sócios que em diferentes momentos precisam de um intérprete/tradutor. E nem todos os surdos de Brusque fazem parte da Asbru.
Esse direito é garantido por lei. Todos os espaços, sejam eles públicos ou privados, de eventos a empresas, instituições de ensino e consultas médicas, têm que dispor de um profissional quando houver necessidade. O custo deve ser pago pelo Estado.
Um dos profissionais que atuam em Brusque é Rosana Canteri. Ela começou a estudar Libras por interesse pessoal e acabou tornando-a seu principal instrumento de trabalho.
Rosana aprendeu Libras há mais de 10 anos e hoje é formada em Letras/Libras. Segundo ela, há muito espaço para essa profissão em Brusque, mas algumas questões culturais precisam ser revistas. “Tem bastante gente que sabe a língua, mas não é um intérprete profissional. E existe muita diferença nisso”, explica.
Rafael Mafra, presidente da Asbru, concorda com Rosana e ressalta que Brusque tem espaço para mais profissionais como ela.
Ele conta sobre as inúmeras dificuldades que já enfrentou por não conseguir encontrar alguém que fale a sua língua. “Outro dia entrei em uma loja para comprar uma camisa. O atendente não me compreendia, então resolvemos nos comunicar por escrito. Mas ele escrevia frases muito longas, com palavras muito complexas e eu não consegui comprar”, conta.
Diferença
Muita gente pensa que basta escrever para se comunicar com um surdo, mas não leva em conta que Libras é uma língua e Português é outra. Ou seja, como o surdo foi alfabetizado em uma língua diferente, seu conhecimento em Português não é o mesmo que o de um ouvinte. Libras é uma língua tão complexa como o Português.
O decreto que regulamenta sobre a Língua Brasileira de Sinais e o direito do surdo a ter acesso a ela pode ser lido aqui.
Na página da Asbru no Facebook, são publicadas dezenas de informações sobre a associação, Libras e tudo o que envolve o universo dos surdos.
E no áudio no topo da página, você confere o depoimento de Rafael Mafra e as dicas de Rosana Canteri sobre o mercado de trabalho para o intérprete/tradutor Libras em Brusque e como se tornar um profissional.
No vídeo, eles convidam a todos para participarem de um evento que vai acontecer no Sesc de Brusque neste sábado (26) alusivo ao Dia Nacional do Surdo.