De Batatais para o mundo: uma filosofia de vida
Viajar de janeiro a janeiro. Caminhar pela costa de Santos ao Ceará por nove meses. Se perder cruzando os lençois maranhenses de bicicleta. Sentir o frio do Sul e o sol ardente do Nordeste. Curtir carnavais de Olinda. Passar três dias cruzando o Rio Amazonas, comendo camarão seco e açaí. Ficar três meses recluso em uma aldeia indígena na Bahia. Até parece vida de quem tem muito dinheiro e tempo para gastar. Ou mesmo um pesquisador. Na verdade é o estilo de vida que Aledson Mareto (35) adotou desde que saiu de casa aos 17 anos de idade.
De família simples, natural de Batatais, interior de São Paulo, quando ainda era adolescente Aledson queria um trabalho que ficasse o mais longe possível do dinheiro. Cansado do materialismo e consumismo desenfreado, ele resolveu conhecer o Brasil, custeado pela venda de artesanato. Eu sempre gostei de viajar. E pra viajar, a gente tem que ter bastante dinheiro. Como eu não tinha, o artesanato veio suprir isso. Eu respirava isso. É gratificante, é gostoso, afirma ele, comentando que foi fácil aprender, já que a maioria dos amigos produzia muitas peças artesanais.
De cidade em cidade, Batatais, como é conhecido, foi recolhendo matéria-prima. Uma pedra, uma semente. Com a mochila nas costas, ele guardava algo específico de cada lugar por onde passou. Cada peça de artesanato carrega algo especial. Tudo tem uma história por traz, por onde eu passei, o que aconteceu, isso que é legal. É mais do que uma peça, reforça.
E foi com essa história de expor artesanato que ele conheceu a esposa Iara, há oito anos. Ela cursava biologia na faculdade em Batatais, cidade natal dos dois. Quando a convidou para viajar o Brasil com ele, Iara deixou o curso de lado e se jogou nessa aventura. Mochila, barraca e rede, onde estavam achavam um lugar pra dormir. Quando você está com um propósito bom, só coisa boa há de acontecer, explica, entre sorrisos.
Da renda do artesanato se alimentavam. E assim chegaram a Brusque, há três anos. Na cidade tiveram uma surpresa dupla: Íris e Iasmin, as duas flores que nasceram há pouco mais de um ano. Com a chegada das filhas gêmeas, os planos mudaram por enquanto. Dar estabilidade a elas é o objetivo agora. Por esse motivo, o casal resolveu que Brusque será a cidade porto seguro para a construção de uma casinha. Ele garante que o artesanato dá à família o necessário. Nem mais e nem menos. Aquilo que eu preciso, sempre alcanço. Eu não sei fazer outra coisa. Vou morrer fazendo artesanato, tenho certeza disso.
Agora, a família tem endereço fixo. Mas assim que as meninas ficarem maiores, Batatais quer mostrar o Brasil a elas. A vida é uma aventura. Minha filosofia é ter paz, ter uma humanidade mais sensata. Está tudo muito doido. Hoje você vale o que você tem e não o que você é. E o sistema é todo voltado a uma politica só para eles, sem dar cultura para o povo. Tinha que ter mais isso, mais música boa. E eu quero passar isso para as minhas filhas, finaliza.