Parada Gay vai ser proibida em BC
Não durou muito a intenção da prefeitura de Balneário Camboriú em permitir a realização da Parada da Diversidade, também conhecida como Parada Gay. Ontem, um dia depois de afirmar que o evento estaria liberado, o secretário de Turismo e Desenvolvimento Econômico, Altamir Teixeira, o Miro, lançou nota dizendo com todas as letras que a prefeitura vai proibir a marcha marcada para o dia 12 de novembro.
Os organizadores do movimento já desconfiavam e dizem que se preparam para formular uma denúncia ao ministério Público. Para eles, há interferência religiosa na decisão.
Ao DIARINHO, o secretário Miro Teixeira argumentou que em março recebeu pessoalmente os representantes da associação da Parada pela Diversidade de Balneário Camboriú, entidade que organiza a marcha. Segundo ele, foi anunciado um evento de três dias, com debates, shows e que culminaria com a Parada Gay. No entanto, segundo ele, isso não vai mais ocorrer e só a parada não interessa para a cidade. “É só um desfile. Além de não agregar nada, na questão econômica, ainda pode atrapalhar, criar insegurança, problemas no trânsito”, disse à reportagem.
Na nota oficial, ele reforçou que o evento não terá licença: “Ocorre que a Parada da Diversidade, por não apresentar apelo turístico e econômico para a cidade, não é de interesse e não será autorizada a sua realização”.
Ricardo Medeiros, 59 anos, coordenador da Parada da Diversidade, afirmou ao DIARINHO que oficialmente a entidade não foi informada pela prefeitura da decisão. “A opinião da prefeitura pouco importa. A gente tem mandado de segurança que nos garante”, disse, referindo-se às edições anteriores do evento em que decisões judiciais garantiram a realização da marcha.
Segundo Ricardo, a intenção era mesmo fazer um evento maior. Mas a falta de recursos impediu a ideia inicial. “O projeto foi cancelado pela metade porque a prefeitura não deu um centavo para ajudar em nada”, alfinetou.
Ele diz que junto com o evento está sendo realizada a 1ª edição do Happy Day, que acontecerá em Penha e que também trará turistas para a região.
O empresário Fernando Lisboa, 44 anos, que atua no ramo hoteleiro e também é um dos organizadores da Parada da Diversidade, diz que não há lógica em proibí-la. “Engraçado que a Marcha para Jesus, que tranca a avenida, pode ser feita; para fazer a corrida dos garçons é possível; para fazer o Encontro de Amigos, que é feito na Atlântica pode; a Cãominhada também pode. Agora, botar as bichas na rua não pode”, critica.
Igrejas não querem
Para Fernando não há dúvida: “Existe uma resistência de parte religiosa”. Ricardo concorda com a suspeita. “Não tenha dúvida que a bancada evangélica tem colocado as mangas de fora”, avalia.
Miro Teixeira nega qualquer discriminação contra os homossexuais. Segundo ele, qualquer evento passa pelas mesmas avaliações. O DIARINHO o questionou sobre dois eventos recentes que recebem verbas públicas, apoio financeiro da prefeitura e trancaram a avenida Atlântica: o Encontro dos Amigos e a Festa Farroupilha (que recebeu R$ 72 mil da prefeitura). “A semana da Farroupilha são quase 10 dias de atividades culturais e o Encontro dos Amigos é promovido pela prefeitura, está no calendário do município”, rebate.
Fonte: Diarinho.com.br