Governo sepulta tentativa de CPI na Câmara

A grande expectativa da sessão desta terça-feira (20) da Câmara Municipal de Brusque girou em torno da aprovação, pelo plenário, de um requerimento que permitiria a abertura ou não de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar as denúncias de ilegalidade na negociação de um terreno envolvendo o Samae. Assunto este levantado pelo vereador Ivan Roberto Martins (PSD), também autor da proposta.
O primeiro a se manifestar sobre o caso foi o próprio presidente da Casa, Guilherme Marchewsky (PMDB). Discurso que iniciou reforçando a responsabilidade dos legisladores em representar a população. Sobre o caso, disse que espera que a documentação que chega seja verídica. Questionou o porquê de nunca antes, com tantos outros assuntos polêmicos e nunca se criou CPI.
Estamos nesta casa com uma grande responsabilidade. Por isso a discussão será acalorada e fundamentada, destacou, defendendo que a maneira como o caso ocorreu deve ser apurada, mas que a Câmara e os vereadores estão em situação delicada em votar a proposta.
Jean Pirola (PP) e Marli Leandro (PT) frisaram as palavras de Marchewsky sobre a responsabilidade de se tratar o tema.
Já Ivan Martins disse que estava buscando se levantar que a oposição estava sendo irresponsável, mas que os documentos todos apresentados tiveram como origem o próprio Samae.
Jean Pirolla voltou ao microfone e disse que também entrara na política para tratar da verdade. Mas que tem que levar à população todas as informações e não apenas as que interessam. Não tenho medo de chegar a aqui e mostrar a verdade a vocês. Eu vou mostrar aqui alguns documentos que o vereador Ivan Martins mostrou. Mas têm outros que ele não mostrou, soltou na tribuna.
Apresentou documentos e reforçou datas de assinaturas dos mesmos, confrontando com o que mostrara Martins. Disse que o pessedista afirmou que boa parte da negociação foi feita em cerca de 15 dias, mas que tais documentos atestariam que o tempo passado era superior a dez meses. Os dados não comprovam nada do que o vereador Ivan Martins colocou aqui, encerrou o pepista.
No rebate, Martins disse que se não apresentou o tal documento porque não foi apresentado a ele. E frisou que o proprietário da imobiliária não foi mais encontrado na cidade depois que o caso O vereador Jean Pirola esta querendo esconder rolos do presidente do seu partido. Tenho quatro mandatos com este e sempre exerci com muita responsabilidade. Essa documentação que mostramos foram documentos apresentados pelo Samae. Ele (Farinhas) utilizou-se, sim, dessa operação para obter lucro. O senhor tem por obrigação como homem público votar a favor do meu requerimento, soltou na tribuna.
A vereadora Marli Leandro (PT) rebateu as colocações e disse que cada um tem o direito de votar como quer. Questionou Martins sobre a reação dele se fosse vereador em legislatura onde o prefeito era acusado de sumir com dinheiro de construção de uma creche, relembrando o caso da unidade do Paquetá.
Não é o senhor que vai dizer onde eu vou votar. Não podemos votar por suposições, soltou ela na tribuna. Disse que foram apresentadas três avaliações de imóveis e que Martins estaria tentando induzir a população e os vereadores de que todas estariam no mesmo rolo.
Martins devolveu, levantando questionamento sobre o porquê de a comissão de avaliação do município não ter dado parecer sobre o caso.
Roberto Pedro Prudêncio Neto (PSD) também falou sobre o assunto. Disse que o que está havendo é um desespero dos vereadores de situação em absolver o vice-prefeito. A CPI investiga, demonstra fatos e traz à tona os fatos. O que estamos vendo aqui é um desespero, advogados aqui defendendo e tentando dizer que está tudo correto, frisou.
Dejair Machado (PSD) disse que o que se deve fazer é focar no assunto e não deixar que o tema ganhe rumos diferentes no debate. E destacou que se rejeitasse o pedido de Ivan, o Legislativo estaria prejudicando o próprio Farinha. O vice-prefeito vai ser o maior prejudicado porque vai pagar muito caro pela desconfiança, disse.
O vereador Valmir Ludvig (PT) disse que quando houve caso de suspeita de corrupção no governo anterior não houve manifestações na Câmara. Tenho direito de falar o que eu quiser nos dez minutos e ninguém pode me impedir, frisou ao ouvir criticas de parte dos presentes que estava na platéia, formada por simpatizantes da oposição.
Para ele, CPI é questão política, pois o Ministério Público já está fazendo a parte da investigação.
Edson Rubem Muller (PP) abordou a questão da procuração dada ao dono da imobiliária para negociar o terreno. Disse que este é um trâmite que é normal e muitas pessoas o fazem.
Depois de mais de duas horas de discussão, o requerimento foi rejeitado por nove votos contra cinco.