Simulador de direção volta a ser obrigatório

Uma nova resolução do Conselho Nacional de Trânsito (Contran) publicada na última segunda-feira (20) determina a volta da obrigatoriedade do simulador de direção nos centros de formação de condutores (CFCs). Todos os candidatos que quiserem tirar a primeira carteira nacional de habilitação (CNH) terão que passar por pelo menos cinco horas de aulas nos aparelhos.
Inicialmente a regra vale apenas para veículos de passeio. Mas, futuramente, quem quiser mudar de categoria ou tirar habilitação para veículos comerciais como ônibus, vans e caminhões, também terá que passar por um simulador próprio.
O Ministério das Cidades, órgão controlador do Contran, alega que o pedido da volta da obrigatoriedade dos aparelhos partiu dos Detrans, que são os departamentos estaduais de trânsito. Atualmente, apenas quatro estados brasileiros exigem as aulas nos simuladores: Rio Grande do Sul, Paraíba, Acre e Alagoas. Nesses locais, os índices de acidentes caiu depois da medida, apontam os Detrans.
Porém, os proprietários dos centros de formação de condutores não concordam nem com a medida nem com o argumento. Segundo David Nilson Pereira, sócio-gerente da Autoescola Nilson, em Brusque, o simulador só vai tornar ainda mais caro o preço da CNH sem oferecer grandes resultados práticos. "Um simulador é quase como um videogame. A realidade nas ruas é muito diferente, não faz o menor sentido", explica.
No ano passado, quando a obrigatoriedade dos simuladores estava para entrar em vigor, o Sindicato dos Centros de Formação de Condutores de Santa Catarina (Sindemosc) participou de uma campanha nacional contra a norma. De acordo com o levantamento feito pelos proprietários desses estabelecimentos, o investimento só no aparelho seria de aproximadamente R$ 40 mil - isso há mais ou menos seis meses. Fora a compra do aparelho, eles ainda seriam obrigados a pagar uma mensalidade do software que, pelo que foi informado extraoficialmente, seria de quase R$ 1 mil mensais.
Isso sem contar a construção de um espaço adequado para a instalação do simulador que muitas escolas terão que fazer e a contratação de pelo menos mais um instrutor responsável pelas aulas no aparelho. "Tudo isso vai encarecer demais a CNH que já é cheia de taxas", avalia Pereira.
Prática na prática
O empresário afirma que o Sindemosc deverá se manifestar nos próximos dias novamente contrário à resolução. "Com certeza vamos fazer como no ano passado e recorrer de alguma forma", garante. Segundo ele, existem outras formas de preparar melhor os futuros condutores. Uma delas, adotada em Santa Catarina, é aumentar o tempo das aulas práticas de 20 para 25 horas/aula. "Isso sim é o que vai preparar. Não um simulador", avalia.
Atualmente, o preço para uma nova CNH categoria B (somente para carro de passeio) custa em torno de R$ 1,9 mil e R$ 2,3 mil para categoria AB (carro e moto). Pereira não sabe precisar quanto deverá custar caso o simulador seja mesmo adotado, já que os valores dos investimentos necessários já não são mais os mesmos do ano passado. Será necessário recalcular.