A vida dos deficientes visuais não é nada fácil em qualquer lugar. Mas nas ruas de Brusque, bem como em qualquer outra cidade pelo país, pode ficar ainda pior. Isso por conta das dificuldades de locomoção, principalmente devido à má conservação de calçadas e a falta de um padrão entre elas. Pensamento do vereador Moacir Giraldi (PTdoB), explanado durante a sessão desta terça-feira (2) na Câmara Municipal de Brusque.

Para Giraldi, a situação difícil de quem está inserido no grupo dos deficientes visuais, principalmente os cegos, é delicada quando necessita se deslocar pelas ruas. durante a sessão, ele apresentou uma série de imagens que mostram locais onde esse problema se mostra mais evidente, apenas para exemplificar o assunto. “Isso se espalha pela cidade toda. Para os deficientes visuais, é um problema sério”, frisou, citando que a falta de rampas de acessos é um dos maiores entraves.

Mas ao mesmo tempo em que apontou tais problemas, Giraldi reconheceu que a Prefeitura tem feito ações no sentido de mudar esta realidade. Uma destas é a a padronização das calçadas com uso de pavers. Além disso, citou a criação de um conselho municipal para tratar das questões voltadas aos deficientes visuais, algo que está em fase de implantação.

O vereador Celso Carlos Emydio da Silva (PSD) disse que a cidade de Brusque e outras pelo Brasil carecem de uma política de mobilidade. Principalmente que leve em conta a situação de diferentes visuais. “Os passeios públicos e as calçadas não têm padrão definido. Cada um faz do jeito que bem entende. Outros nem fazem. E isso cria uma certa dificuldade muito grande para a mobilidade dessas pessoas que precisam tanto de uma condição de acesso razoável”.

Giraldi lembrou que em Brusque a legislação determina que cada cidadão seja responsável por confeccionar a calçada que passa em frente ou ao redor de seu imóvel. Isso, na visão dele, é um dos motivos por haver tanta disparidade em termos de formatos de passeis pelo município.

Sobre a padronização das calçadas e a dificuldade de isso se concretizar, o vereador Dejair Machado (PSD) tem uma sugestão. “Infelizmente, entra governo, sai governo e não conseguimos resolver esta questão. Só existe uma forma de resolver ou procurar resolver: é a Prefeitura interferir, fazer e depois mandar cobrar”.

Mas para o vereador Valmir Ludvig (PT) essa pode não ser uma das melhores saídas. Muitos, na visão dele, podem simplesmente se negar a pagar. A saída mais viável seria a conscientização das pessoas. “Todos passamos trabalho. Penso que temos que bater nessa tecla, embora a dificuldade desse tema. Mas temos que continuar para ver se mudamos isso”.

De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (Ibge) de 2010, no Brasil existem cerca de dois milhões de pessoas totalmente cegas, além de 45 milhões com algum tipo de deficiência visual. Outro número que chama atenção é quantidade de cães-guia para atender a este público que trafega pelas ruas diariamente: são apenas 60 deles.

“É muito pouco para uma população tão grande de deficientes visuais”, disse Moacir Giraldi.