Quando a lanceta especial faz um furinho no calcanhar de João Victor Barbosa de Campos, com três dias de vida, é inevitável o choro. Mas sua avó, Maria Salete Barbosa, o conforta. Ao lado também está o pai do menino, João Batista de Campos e a irmã, Luani, de 9 anos. Para o pai, “fazer o Teste do Pezinho é obrigatório e ajuda na prevenção de doenças. Ele chora um pouquinho, mas é para o bem”.
João Batista está certo: o Teste do Pezinho é mesmo obrigatório e amparado por lei federal. E ele é tão importante na detecção precoce de patologias que no próximo sábado, 6 de junho, é o Dia Nacional da Mobilização para Triagem NeoNatal, o famoso e conhecido Teste do Pezinho.
Em Brusque, a Clínica UniDuniTê, uma das unidades de serviço mantidas pela da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae), é a entidade responsável pelo Teste do Pezinho e realiza o procedimento gratuitamente, de segunda a quinta-feira, das 13h às 16h, com atendimento por ordem de chegada.
“O Teste do Pezinho deve ser feito entre o terceiro e o quinto dia de vida do bebê. É uma triagem que investiga doenças genéticas, infecciosas e metabólicas, através das gotinhas de sangue que são colhidas do calcanhar da criança. O procedimento é executado por uma enfermeira treinada e o material segue para o Laboratório Central de Saúde Pública de Santa Catarina, onde é processado e analisado. Caso exista alguma suspeita, pode ser solicitada uma nova coleta ou a criança é encaminhada para o Centro de Referência das alterações do Teste do Pezinho, em Florianópolis, para investigação e exames complementares”, explica a coordenadora da UniDuniTê, Valdete Battisti Archer.
De acordo com a profissional, cerca de 170 bebês são atendidos por mês na Clínica. Em 2014 foram realizados 1890 Testes do Pezinho no local, dos quais quatro precisaram de encaminhamentos para a equipe médica do Hospital Infantil, na capital do estado. “Vale ressaltar que o Teste do Pezinho não é um diagnóstico. Ele não diz se uma criança tem alguma doença ou não, mas indica possíveis alterações para sete patologias e, por essa razão, há necessidade de exames complementares quando solicitados por médicos especialistas”, afirma Valdete.
A UniDuniTê trabalha em parceria com os três hospitais de Brusque e com a Secretaria Municipal de Saúde. Também faz o monitoramento de todas as crianças que nascem e vivem aqui e costuma ligar para famílias com bebês recém-nascidos que ainda não realizaram o Teste do Pezinho. E, no ano passado, os Agentes de Saúde da Família que atuam nos bairros do município, foram responsáveis pela mobilização de 16 famílias que ainda não haviam executado o procedimento em seus bebês.
“Isso não pode acontecer porque muitas alterações apontadas pelo Teste do Pezinho não são detectadas pelo pediatra e, nem mesmo, por exames clínicos. O procedimento é uma prevenção, também capaz de identificar precocemente alguma complicação de saúde que pode resultar em deficiências físicas, mentais e o próprio óbito da criança”, salienta Valdete.
Teste da Orelhinha e demais serviços
A UniDuniTê também realiza o Teste da Orelhinha, uma triagem preventiva destinada aos bebês que completaram 28 dias. O objetivo é identificar alterações auditivas e alguns resultados também podem exigir investigações complementares para fechar o diagnóstico e confirmar, ou não, se há alguma perda auditiva.
No mesmo dia do Teste da Orelhinha a família costuma falar mais sobre a história do nascimento, como foi a gestação, o momento do parto e o primeiro mês de vida da criança. Então, é convidada a participar de um acompanhamento na Clinica que, no primeiro ano, acontece a cada três meses e, a partir daí, a cada seis meses, até a criança completar três anos.
“É um espaço para a família tirar dúvidas e receber sugestões que auxiliam no desenvolvimento da criança, para que ela não cresça com atrasos. E, caso exista a suspeita de alguma síndrome, é o lugar apropriado para a intervenção mais breve possível”, garante Valdete.
Cerca de 2500 crianças por ano são acompanhadas nestes encontros. Além disso, há o Programa de Estimulação Essencial, que hoje atente mais de 93 meninos e meninas, para que seus atrasos cognitivos e motores sejam minimizados, ou mesmo extinguidos, ainda na primeira infância.