O dia em que a Câmara cedeu à pressão do povo
Fosse em outros tempos, talvez um ou dois meses atrás, isso não seria possível. Mas Brusque, assim como o restante do Brasil, vive um novo momento. E na noite desta terça-feira (25) o que parecia improvável, ocorreu: a Câmara de vereadores de Brusque cedeu à pressão popular.
Tudo porque um grupo de manifestantes, que inicialmente havia anunciado protesto na parte externa, em frente ao prédio do Legislativo, resolveu fazê-lo dentro da Casa. Em torno de cem pessoas ocuparam os espaços no interior da Câmara, empunhando cartazes e faixas com alguns dos temas já mostrados durante o protesto de sábado (22).
A entrada dos manifestantes pegou de surpresa os vereadores. O movimento na porta de entrada, com o grupo buscando lugar entre as cadeiras, fazia com que um por um dos 15 presentes no plenário e de costas para a plateia se virasse espantado para visualizar.
No instante em que o vereador Deivis da Silva (PTC) discursava, os manifestantes se levantaram e começaram a gritar: O povo quer falar! O povo quer falar! O povo quer falar!".
O eco das vozes, acompanhado pelo som de buzinas, fez com que o presidente da Câmara, Valmir Coelho Ludvig (PT), fizesse o que não se esperava, contrariando o que o que prega o regimento interno, de que o uso da tribuna deve ser solicitado previamente. A manifestação fez com que a mesa diretora abrisse espaço para que um representante do grupo utilizasse o microfone para falar.
Durante cerca de dez minutos, o jovem Nelson Diego Mafra, escolhido para falar em nome do grupo, leu um documento, entregue depois â mesa diretora da casa. Antes, frisou que o grupo de manifestantes não integram nenhum partido político e ocupava os espaços como parte da voz da população.
No documento, o jovem citou cinco temas que integram o roll dos protestos que ecoam por todo o Brasil. Aproveitou para mencionar que as críticas cobranças não são direcionadas a nenhum alvo em específico, mas englobam uma parcela significativa de integrantes da política nacional, inclusive os próprios vereadores brusquenses.
Após a entrega do documento ao presidente da casa, o grupo ficou em pé e surpreendeu novamente. Quando o presidente da Casa anunciava a continuidade da sessão, conforme fora acordado antes do discurso, a platéia começou a cantar o hino nacional. Ato que fez com que todos presentes no interior da Câmara seguissem o coro.