O recordista de medalhas em Jasc mora em Brusque

Mais de duas décadas de carreira, ganhando 83 medalhas somente nos Jogos Abertos de Santa Catarina. Um recorde duplo, já que, além de ser o maior vencedor da história do Jasc, ele também é o recordista em ouros, somando 46 medalhas. Em poucas linhas se resume a vitoriosa carreira do nadador Rogério Branco, mais um dos grandes nomes do esporte, que vive em Brusque.
Sua carreira começou aos 14 anos de idade, ainda em Blumenau, quando disputou os Jogos da Primavera, uma espécie de olimpíada escolar daquela cidade. Eu participava da maioria das modalidades, como basquete, futebol e acabei indo também para a natação. E comecei a me destacar rapidamente, sendo campeão estadual no final daquele ano.
Porém, a identificação com as piscinas veio quase um ano depois, quando ele foi vice-campeão brasileiro em sua categoria. A partir daí, muitos títulos nas competições de base e adultas regionais e estaduais. Só que, quando chegavam às competições nacionais, Rogério se deparava com dois garotos com um enorme talento.
Nos campeonatos nacionais, eu sempre tirava em terceiro, porque em primeiro e em segundo, sempre vinham o Gustavo (Borges) e o Fernando (Scherer). Então fui me aprimorar em Florianópolis com o próprio Fernando, além do professor Carlos Camargo. Tenho muita alegria em poder ter contato com esses nomes que fizeram a diferença na minha carreira.
Após ganhar destaque entre os grandes nadadores do país, disputando inclusive edições de Copa do Mundo, Rogério disputou seu primeiro Jogos Abertos por Brusque, em 2000. Um ano depois, ele firmou um contrato com o Flamengo, porém, se manteve na cidade, justamente por querer servir de exemplo e motivação para os atletas mais novos.
Mesmo com quase 100 medalhas em Jasc, Rogério destacou a edição de 1993, em Tubarão, como uma das mais especiais. O Fernando tinha conquistado o título mundial há poucos meses e eu tinha parado por seis meses. Voltei a treinar dois meses antes da competição. E retomei a motivação durante os treinos. Consegui vencê-lo naquela edição, o que, certamente, foi um dos meus grandes momentos, vencer um campeão mundial.
Além de Fernando Scherer e Gustavo Borges, Rogério teve a oportunidade de dividir as piscinas com um grande nome do esporte na época, o russo Alexander Popov. Eu fechei um revezamento da seleção brasileira, no Rio de Janeiro e o Popov estava na raia ao lado. Foi um prazer competir contra um dos meus ídolos, que era um grande atleta na piscina, e uma ótima pessoa fora dela.
Após encerrar a carreira nos Jogos Abertos de 2010, competindo por Brusque, Rogério ressaltou a importância da competição em sua carreira, porém, faz questão de protestar contra a maneira que o Jasc é tratado no estado.
"As pessoas que cuidam do esporte, não são do esporte. Eu acredito que o atleta tem que ser contratado, mas que ele também deve desenvolver um trabalho na cidade que o trouxe, não apenas chegar na quinta-feira, competir, e ir embora no domingo, sem saber ao menos o nome da cidade que representou.
Entre os protestos, ele fez questão de ressaltar a falta de apoio ao esporte por parte de Brusque durante o Jasc de 2005, em Chapecó. A Associação de Pais e Nadadores de Brusque, equipe que Rogério treinava, ficou por anos sem representar a cidade em Jogos Abertos. Após esse protesto, Rogério foi até afastado da equipe pela administração municipal da época.
Atualmente, ele trabalha com uma clínica de treinamento funcional, que atende principalmente os atletas da região, em um treinamento de condicionamento físico diferente das academias. A clínica, que fica no Clube de Caça e Tiro Araújo Brusque, tem a disposição um treinamento funcional pneumático, o Keiser, inédito na região.
Um dos atletas que faz parte do treinamento funcional é o também nadador Matheus Rheine, que participou das Paralimpíadas de Londres, em 2012, e já é aluno de Rogério há alguns anos. A gente está bem feliz com esse trabalho, e com a resposta que tivemos juntos aos nossos alunos.
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