No Brasil, é fácil ser criminoso

Furtos e arrombamentos. Volta e meia é possível observar a Rádio Cidade divulgando casos como esses. Apesar de ser considerado um delito leve, só quem viveu sabe como é traumático ter seus bens levados de si. Em alguns casos, quando pertences são subtraídos em massa de comércios e, até mesmo, residências, é preciso recomeçar do zero.
Para saber do panorama atual, o mapeamento do crime em Brusque, com destaque para os furtos e arrombamentos, a reportagem se deslocou até o 18º Batalhão de Polícia Militar, a fim de conversar com o tenente-coronel Heriberto Rocha Peres. Foram poucos, porém, suficientes os questionamentos feitos ao comandante da PM em Brusque.
O primeiro tratou do baixo efetivo. Será que o pouco contingente da tropa brusquense é o maior causador da impunidade dos praticantes deste tipo de delito? Para o coronel, não. Em nível nacional, a questão da segurança pública perpassa muito mais a questão do baixo efetivo. Um dos grandes causadores é a quebra da estrutura familiar. Onde tem família solidamente formada, com valores, com certeza ali não haverá inclinação para furtos, para violência, para dependência química. Isso independe das classes sociais.
Outra questão levantada por Peres são as leis brasileiras. Nunca se prendeu tanto no Brasil. A Polícia Militar tem realizado prisões direto, juntamente com a Polícia Civil, que é um orgulho para nós em Brusque. Porém, por mais que possamos prender criminosos, eles voltam a delinqüir e não se resolve a situação. Por quê? Primeiro, pela fragilidade das nossas leis. Pela desarticulação com a realidade. Segundo, porque, muitas vezes, ainda que preso, o meliante consegue comandar o crime de dentro do presídio. Isso é muito grave. A Polícia Militar arrisca sua vida, prende, e o preso, muitas vezes, não sai de circulação, afirma ele, enfatizando que o bandido acaba ficando potencializado do crime no sistema penitenciário.
Uma terceira razão, segundo ele, e também pior, é que, em média, de 80 prisões feitas por policiais militares, dois bandidos permanecem presos. No Brasil, em minha opinião, é fácil ser criminoso. O fato, é que se o sistema funcionasse, a polícia não precisaria prender a mesma pessoa tantas e tantas vezes. E o efetivo não precisaria ser tão grande., completa o policial.
De acordo com Peres, houve aumento impressionante de alguns tipos de crimes em Brusque nos últimos tempos. Para se ter noção, os roubos e assaltos a estabelecimentos comerciais tiveram acréscimo de 50% em relação a 2012. Algo que fez com que os lojistas se tornem mais visados pela bandidagem.
Números do 18º BPM mostram que, em 2013, um total de 75 investidas contra veículos foram registradas até a tarde desta terça-feira (17). No mesmo período, foram furtados 70 estabelecimentos comerciais de Brusque.
Apesar de não haver dados exatos, é possível destacar cinco localidades de Brusque em que, volta e meia, a PM é acionada para atender ocorrências de furtos e arrombamentos. O Centro, pelo fato de muitos comércios existirem nessa localidade, é um dos principais, seguido por Santa Terezinha e Jardim Maluche. Neste último, as residências são mais visadas. Já a incidência menor ocorre nos bairros Azambuja e Limeira. Não dá pra dizer que o crime está aqui ou lá. Ele está em todas as regiões relatou o coronel.
Para o comandante da PM, a participação comunitária no papel de denunciante é algo fundamental para coibir tais situações ou,mesmo, auxiliar a polícia na captura dos responsáveis. Muitos crimes, a Polícia Militar só consegue resolver pela agilidade do público externo. O tempo-resposta é muito importante pra nós, as informações precisas são importantes. Pedimos desculpas à população pelos momentos em que não conseguimos dar respostas imediatas às ligações feitas para o 190, devido a outras ocorrências. A gente sofre junto com a população nessa hora, enfatiza ele.
Outros temas importantes discutidos na entrevista você confere, na íntegra, clicando no link abaixo.