Nem sabotagem, nem incompetência. O que causou problemas na folha de pagamento de parte dos servidores brusquenses foi uma falha de sistema. No mês de abril, o setor mais atingido foi o da educação. Professores que recebem regência de classe tiveram erros nas suas folhas de pagamento. Traduzindo: o salário veio menor do que deveria. Esta não foi a primeira vez em que o erro aconteceu. De acordo com o presidente do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Brusque, Orlando Soares Filho, ele vem acontecendo desde o início do ano e já pegou de surpresa diferentes setores.
Na boca do povo, duas versões tentam explicar o fato. Uma delas credita o problema a uma sabotagem que teria sido feita por servidores simpatizantes ao ex-prefeito Paulo Eccel. A outra atribui o erro aos novos funcionários que, com a substituição do comando do Executivo, teriam chegado despreparados à prefeitura e cometido os erros nos cálculos dos vencimentos dos servidores.
Mas, na verdade, nem uma, nem outra está correta. O que aconteceu foi uma falha em um sistema de computador usado não só pela prefeitura de Brusque, mas em praticamente todas as prefeituras da região, para a geração de diversos tipos de documentos da área financeira, entre eles, os holerites. Os carnês do IPTU também são gerados por esse sistema e também apresentaram problemas este ano, mas já foram resolvidos.
Essa falha está acontecendo porque a prefeitura está modernizando tal sistema para que os processos sejam gerados via web. “As prefeituras que não fizeram essa modernização, até agora não apresentaram essas falhas. Em Brusque, desde que essa implantação começou, os problemas têm aparecido”, comenta Soares Filho.
Férias e contribuição sindical
Além dos erros nos cálculos dos salários, o presidente do sindicato afirma que o pagamento das férias também foi afetado. “Inclusive tratamos desse assunto na nossa negociação da data-base, em março, e ficou acordado que nenhum servidor sairia de férias sem receber o 1/3 referente ao período, mas isso não está acontecendo. Há casos em que a pessoa já voltou das férias e não recebeu ainda”, ressalta.
Outro problema apontado pelos servidores é o desconto referente à contribuição sindical. Anualmente, todo trabalhador com carteira assinada tem um dia de trabalho descontado para contribuir com os sindicatos. “Aconteceram cobranças dessa contribuição por dois meses seguidos”, conta Soares Filho. “Não se sabe como será feita a devolução do dinheiro, já que ele vai direto para Brasília e é rateado entre os sindicatos. É muito difícil reaver”, completa.
O que diz o RH
Pelo menos até o momento não houve mudanças no setor de recursos humanos da prefeitura de Brusque. O diretor ainda é Daniel Felício e ele vem acompanhando a modernização do sistema de geração de holerites desde o ano passado, quando o processo teve início e, segundo ele, deve se estender até agosto deste ano.
Felício não sabe precisar quantos casos ocorreram, mas afirma que somente o quadro de professores foi afetado e o problema já teria sido identificado no próprio RH. “O que houve foi uma desconfiguração do sistema. Identificamos que a verba foi paga em valor inferior ao que os servidores têm direito. Entretanto, de imediato fizemos a reconfiguração e a correção de todas as verbas nessa mesma condição. O pagamento foi efetuado no mesmo dia”, explica. “O município ainda está na fase de adaptação, porque é um sistema novo. Ele é totalmente diferente do que usávamos nos últimos 15 anos”, completa.
Atualmente, a prefeitura de Brusque conta com um quadro de 3,2 mil servidores, entre efetivos, comissionados e admitidos em caráter temporário.