Quem olha para a sala de troféus de Rodrigo Welter não consegue ter a verdadeira noção do que ele representou para o esporte brusquense. Naquele que chama de seu cantinho, o atleta guarda apenas os mais importantes, seja pelo resultado ou pelo significado que tem para sua carreira.
Campeonatos estaduais, brasileiros, sul-americanos e mundiais. Não existe troféu algum que Welter não tenha conquistado. Dos cinco aos 18 anos, foram mais de 400 deles nas mais diversas competições. Trata-se de um atleta criado para vencer. Essa é a história de um dos maiores nomes da história do bicicross da cidade.
Rodrigo começou no BMX aos cinco anos, incentivado pelos irmãos e pelo pai. O pai já tinha envolvimento com o ciclismo, gostava de esporte. Eu tenho um histórico esportivo na família, através do meu avô e do meu bisavô, que gostavam de praticar esporte de alguma forma, não em campeonatos, mas de praticar algo.
Depois de conquistar campeonatos estaduais e nacionais durante o início de sua carreira, veio a chance de disputar um Mundial, que aconteceu em Salvador, em 1992. Tinham mais de 230 pilotos na minha categoria e foram realizadas baterias, até que eu cheguei à final. Naquela vez, mais de quatro mil pessoas estavam nas arquibancadas, lembra.
A conquista chegou após muito esforço físico e mental. Próximo do final da pista, eu já estava em primeiro lugar e notei a arquibancada gritando Brasil, Brasil!. Aí que acreditei que estava conquistando o Mundial. A minha primeira reação foi sair correndo até a arquibancada e abraçar meu pai.
Após o título mundial, ainda mais aos dez anos de idade, todo garoto sonha com um presente. Com Rodrigo, aconteceu da mesma forma. Porém, o presente é que foi um tanto quanto diferente. Nós tínhamos uma alimentação muito rigorosa na época, de atleta mesmo, principalmente perto das competições. E depois de ganhar o Mundial, meu pai perguntou o que eu queria de presente. Eu só pedi uma bola de sorvete e uma casquinha.
Junto do Mundial de 1992, Rodrigo tem uma prova de Campeonato Brasileiro, que aconteceu no interior paulista na memória. Eu tinha certa facilidade em retas com obstáculos. E eu precisava ficar em 3º para ser o campeão brasileiro. Larguei mal, mas consegui fazer uma prova de recuperação. Na última reta, que tinha esses obstáculos, levantei a dianteira da bicicleta e ultrapassei um por um, vencendo a prova. Foi uma emoção totalmente diferente das outras que eu tinha sentido.
Rodrigo garante que até poderia ensaiar uma volta. Porém, com emprego e família, fica muito difícil. Eu costumo dizer que o atleta de ponta deve ser solteiro, sem emprego, e livre de qualquer tipo de preocupação, como contas a pagar. Hoje, eu levaria alguns meses para colocar a parte física em dia e seria difícil acompanhar o pessoal.
E o cantinho, citado no começo do texto, tem visitantes exclusivos. Ninguém além de Rodrigo, e do filho, Isaac, de dois anos, entram no local. É o meu canto de reflexão. Aqui que eu deito, observo todos esses troféus, e a lembrança de cada instante, cada corrida, cada vitória me vem na cabeça.