Na noite desta terça-feira (23), o Núcleo de Jovens Empreendedores (ACIBr Jovem), da Associação Empresarial de Brusque (ACIBr), fez a primeira ação do Feirão do Imposto deste ano: uma palestra sobre corrupção, ministrada pelo diretor executivo do Observatório Social de Brusque (OSBr), Evandro Gevaerd. Com quase duas horas de duração, o evento foi realizado na sede da ACIBr.
“Diante de tantas informações que nos foram apresentadas, chegamos à conclusão de que o problema do Brasil nem é a alta carga tributária e, sim, a questão da corrupção e os péssimos exemplos que temos dos nossos governantes na gestão pública. É claro que a gente luta pela diminuição da carga tributária e esse é um dos objetivos do Feirão do Imposto, mas, paralelo à isso, precisamos lutar pelo combate à corrupção, que é um câncer neste país e atinge a administração pública em todas as esferas”, avalia o coordenador da ACIBr Jovem, Eduardo Jonas Imhof.
Além da palestra, o Feirão do Imposto continua em um dos stands da Multifair, que será aberta nesta quinta-feira, 25 de maio, às 18h, no Pavilhão da Fenarreco. A ACIBr Jovem e o Observatório Social de Brusque dividirão o mesmo espaço para conscientizar as pessoas sobre o volume de tributos pagos no Brasil e de como este valor é mal aplicado na gestão pública.
Alta carga tributária x corrupção
Para o diretor executivo do Observatório Social de Brusque (OSBr), Evandro Gevaerd, a palestra sobre corrupção foi importante e os jovens empreendedores se mostraram muito interessados e participativos. “São pessoas que, voluntariamente, já estão envolvidas com uma entidade e querem o melhor para Brusque. Então eles se identificaram com o projeto do Observatório Social e, inclusive, se colocaram à disposição para ajudar nas ações realizadas. Acima de tudo a gente entende que, se não houver participação das pessoas no processo político do país e no nosso município, nós não vamos conseguir mudar esta realidade vergonhosa que estamos passando”, enfatiza Gevaerd.
Segundo ele, é possível ver com clareza os partidos políticos legislando em causa própria, sem levar em conta os interesses da população. “Não estão olhando para a moralidade pública e para o que realmente importa, que é o bem-estar das pessoas. O nosso papel, enquanto Observatório Social, é fazer com que esta indignação se transforme em atitude, que as pessoas possam se unir, somar e conscientizar outras pessoas. Não dá mais para ser “ativista de sofá”, que apenas critica o que vê no noticiário. É preciso transformar a indignação em atitude e exigir dos vereadores e do prefeito uma atuação correta, transparente e competente. Caso contrário, estamos fadados a piorar ainda mais os índices sociais do Brasil”, detalha Gevaerd.
De acordo com o diretor executivo do OSBr, muitas pessoas ainda não se dão conta de quanto pagam de imposto. A estimativa é que 40% do salário seja apenas para esta finalidade, paga pelo consumidor final. “A partir do momento em que o trabalhador souber que é ele quem banca o serviço público, ele vai se interessar em saber mais sobre quem é o gestor e qual capacitação tem para assumir o cargo. Dinheiro não falta. Mas a falta de planejamento contribui para o gestor corrupto desviar o dinheiro”, ressalta.
Hoje, estima-se que no Brasil, R$ 100 bilhões sejam desviados pela corrupção todos os anos e mais R$ 200 bilhões estão comprometidos em obras que não acabam nunca. Somente com este valor seria possível triplicar o orçamento anual da educação, por exemplo. Enquanto a carga tributária do Brasil é uma das mais altas do mundo, transitando nos mesmos índices de países do norte da Europa, o Brasil mantém um dos piores índices sociais da América do Sul. “Isso só vai mudar com a participação efetiva da população no processo de decisões políticas importantes para a comunidade”, observa Gevaerd.