Carta em defesa da família é aprovada em audiência

Por unanimidade os participantes da sessão conclusiva da audiência pública “Respeito aos Princípios e Valores Constitutivos da Cultura, da Fé e da Família brasileira”, realizada na Câmara Municipal de Brusque, das 8h30min às 11h52min de quinta-feira (13), aprovaram a Carta de Brusque, endereçada aos 594 integrantes do Congresso Nacional, ao governo federal e aos organismos eclesiais e da sociedade civil, além de organizações representativas dos vários segmentos da vida nacional.
O documento alerta que “uma democracia sem verdade e sem valores transforma-se com facilidade num totalitarismo visível ou encoberto e que a origem do totalitarismo moderno deve ser vista na negação da dignidade transcendente da pessoa, sujeito natural de direitos que ninguém pode violar, nem mesmo o Estado”. Denuncia que “em nome de alegados direitos humanos, poderosas forças ameaçam gravemente os princípios éticos e morais de inspiração cristã no Brasil”.
Esclarece a Carta de Brusque que “não nos colocamos em afronta à liberdade das pessoas de viverem a opção sexual que lhes convenha, pois prezamos, acima de tudo, o respeito à pessoa humana. O que condenamos na chamada ideologia de gênero é o interesse em disseminar esse comportamento, especialmente entre crianças em idade escolar”.
O documento destaca que “queremos um país no qual possamos criar nossos filhos nas bases morais que recebemos de nossos pais; que queremos fortalecer a instituição familiar, para que as crianças, os adolescentes e os jovens usufruam o direito a uma formação humana e moral sólidas e que queremos uma escola empenhada na formação intelectual e cívica”.
Na sua parte final, a Carta de Brusque declara que “o ensino religioso contribui para a elevação moral da sociedade e para a mitigação das angústias humanas; que distinção sexual entre homem e mulher é uma realidade biológica; que legalmente a utilização de símbolos religiosos não está proibida e que é preciso resistir a toda e qualquer tentativa de cerceio de nossa liberdade”. Célebre frase de Martin Luther King encerra o documento: “O que mais preocupa não é o grito dos violentos nem dos corruptos nem dos desonestos nem dos sem ética. O que mais preocupa é o silêncio dos bons”.
“A Carta de Brusque é, sobretudo, um hino à liberdade. Sustenta, com legitimidade na voz de expressivos segmentos da sociedade local, que os princípios e valores que orientam a formação da família, da juventude e da escola não podem ser usurpados ou violados por manobras político-ideológicas do Poder Central”, disse o procurador de Justiça, José Galvani Alberton, subcorregedor-geral do Ministério Público e por dois mandatos procurador-geral de Justiça de Santa Catarina.
A Carta de Brusque, a Nota Introdutória e as Notas Técnicas que emergiram das duas sessões da Audiência Pública serão entregues ao Fórum Parlamentar Catarinense, liderado pelo deputado federal Esperidião Amin, em 13 de fevereiro de 2015, na sala de reuniões da Associação Empresarial de Brusque (ACIBr).
Marxismo Cultural
O professor doutor em Filosofia José Francisco dos Santos, ao dar início às exposições na audiência pública, destacou que a ideia de marxismo cultural representa o esforço de marxistas do século XX, após verificarem que a revolução socialista preconizada por Marx encontrava barreiras culturais nos países ocidentais. Dessa forma “o combate à cultura ocidental se tornou uma estratégia da luta socialista/comunista”.
O professor José Francisco denunciou que os “pilares da civilização ocidental: a civilização grega, a religião hebraico-cristã e o direito romano vão sendo solapados aos poucos pela difusão de ideias e comportamentos que contrariam essa cultura”. Informou que “a revolução sexual é parte fundamental dessa estratégia. Daí o aparelhamento da educação para difundir esses comportamentos de modo sutil”. “É necessário tomar conhecimento dessas estratégias e avaliar suas consequências, para poder combate-las”, enfatizou o professor José Francisco.
“O debate democrático sobre os rumos de nossa nação é sempre saudável, mesmo que implique marchar sobre terreno polêmico. Da Audiência Pública sobre Cultura, Fé e Família quero ressaltar o compromisso do GRUPIA com valores e princípios que sustentam uma sociedade capaz de fortalecer o que nos resta de mais importante: a família”, disse o deputado Estadual Ismael Santos.
Armadilhas da Linguagem
O professor doutor padre Adilson José Colombi acentuou que para “ser a ideologia de gênero gradativamente aceita e incorporada à vida sociocultural e impor seu estilo de reflexão e de ação em todos os ambientes da sociedade e da cultura, no início busca-se fazer a ‘revolução da linguagem’, isto é, tomar os termos tradicionais (sexo e gênero) e dar-lhes um sentido, significado novo”. Vice Diretor da Faculdade São Luiz, Colombi explica que “para isso, servem-se de seus mentores e propositores de todos os Meios de Comunicação Social ao alcance. Mas, sobretudo, do sistema educacional ou escola em todos os seus níveis, preponderantemente, o ensino fundamental, pois têm grande importância as imposições de conteúdos e o processo didático-pedagógico que, aberta ou sutilmente, veiculam os valores próprios ou afins da ideologia de gênero aos mais jovens que por sua vez deveriam, em casa, ensiná-los aos seus pais ou responsáveis”.
Professor Colombi declara que “desta forma, a opinião pública estaria pronta e dominada para acatar e aceitar qualquer tipo de ‘vida sexual’, segundo a opção de cada um. Evidente com uma ‘nova noção de ser humano’ (de homem e de mulher), fundante de uma ‘nova Humanidade’”. O professor denuncia: “pura ‘construção sociocultural’, eliminando qualquer diferenciação entre o homem e a mulher, tirante as diferenças biológicas peculiares. Desta maneira, a mulher conseguiria a sua libertação total de todas as opressões históricas impostas pela classe dominante e opressora, dirigida por homens”.
Padre Adilson destaca que “a Igreja evidentemente não aceita tal postura que considera a mulher um ser humano polimorfo, passível de várias formas. Seguindo a proposta do Reino de Deus, trazida e testemunhada por Cristo, a Igreja afirma e tem que a mulher foi criada para ser companheira do homem, em mesmo nível de dignidade, chamados a unirem-se para complementarem-se reciprocamente. Um não é mais do que o outro e que, apesar da diferenciação, não apenas sociocultural, se completam mutuamente, na construção de um projeto comum: o casamento e a família”.