Três décadas de uma triste lembrança

No mês de agosto, há 30 anos, Santa Catarina vivia um dos maiores dramas naturais de sua história. A enchente que assolou principalmente a região do Vale do Itajaí, deixou destruição e lembranças que jamais sairão das memórias de quem viveu aquele drama. Em Brusque não foi diferente.

O ano de 1984 ficou marcado na memória de muitos moradores de bairros atingidos na cheia na cidade. Muitos deles perderam tudo o que tinham por conta do grande volume de chuva registrado na época e que, praticamente, engoliu a cidade por dias.

O Bairro Guarani, afetado pelas inundações, era o local onde residia o micro-empresário Anírio Natal Fugazza (55). Ele, a esposa, na época grávida, e mais uma filha, são retrato do que foram aqueles dias.

Fugazza relembra que às vésperas do início da enchente foi até o Bairro Aymoré, na Festa dos Motoristas, em Guabiruba, onde era “festeiro”. Ao chegar em casa à noite, depois de um dia de chuvas torrenciais, foram surpreendidos pela água. Segundo ele, dia 5 agosto daquele ano aconteceu a festa e, na segunda-feira (6), foi a data da “tragédia”, nome dado por ele para descrever o ocorrido.

“Durante o dia, a gente foi passando de casa em casa, a água foi se elevando. Uns diziam ‘a água chegou aqui em 1961, certamente não vai chegar agora’. Pelo contrário, a água foi subindo e a gente nem conseguiu tirar as coisas de dentro de casa”, relata.

Ele conta que o grupo saiu de canoa, passou por três casas, até chegar a uma que acabou servindo de abrigo para, aproximadamente, 70 pessoas, próximo à entrada do Bairro Rio Branco.

O empresário conta que o evento catastrófico durou mais de 15 dias, um dilema para quem viveu e sentiu na pele a perda. “Além das águas, vem a pós-enchente, quando dificulta muito mais. Às vezes, não tem água pra fazer a limpeza, não se tem onde ficar, o que comer, mas o povo de Brusque é bastante acolhedor e estendeu as mãos”, relembra.

Muitos vizinhos também perderam tudo, de acordo com Fugazza, pois moravam em um local mais baixo que os demais. Mas até mesmo na tragédia é possível tirar algo de bom, opina. “Até a cidade reavivou, parece que passou um vendaval e levou tudo de ruim juntamente com as águas. Brusque, dali pra frente, se desenvolveu muito mais”.

Na época não houve nenhum aviso e as pessoas faziam suas atividades normalmente, até que as águas começaram a invadir as residências. De acordo com o diretor da Defesa Civil de Brusque, Evandro de Mello do Amaral, a enchente de 1984 foi a maior da história do município e do estado. Depois de vários fenômenos que atingiram Santa Catarina, as cidades tiveram que se preparar e trazer melhorias para, até mesmo, prevenir contra os eventos.

AVANÇOS

Segundo Amaral, foram 162 municípios inundados naquele episódio, mas após as duas enchentes (1983 e 1984), praticamente todo o estado foi afetado. Porém, a partir dali houve muitos avanços nas áreas tecnológicas, institucionais e sociais.

Uma das melhorias foi na própria estrutura da Defesa Civil, tanto estadual, quanto municipal, principalmente no ano de 2008, quando ocorreu uma nova enchente. Houve um melhoramento nas instalações dos Corpos de Bombeiros Militar. “O bombeiro começou, a partir daquele momento, verificar as suas necessidades para dar uma resposta melhor à comunidade, porque na época nós não tínhamos nem noção do que fazer”, conta Amaral.

Outro avanço, agora tecnológico, ocorreu quando foi feita a confecção do primeiro plano de Defesa Civil, o que equivale aos planos de contingências, em Blumenau. Implantação de sistema de monitoramento de alarme de sistema de monitoramento das barragens em toda bacia do Rio Itajaí, abertura do canal do Rio Itajaí-Açú, sistema de prevenção com as estações telemétricas. Estes foram alguns dos avanços que o pós 1984 trouxe.

Nos progressos sociais, as cidades melhoraram o plano diretor, além de se planejar mais, afirma Evandro do Amaral. Ainda de acordo com ele, a criação da Oktoberfest, Fenarreco e Marejada, dos municípios de Blumenau, Brusque e Itajaí, respectivamente, aconteceu depois do evento catastrófico que atingiu as cidades que, além de ativarem as economias, também serviu para aumentar a autoestima dos próprios moradores.

“A partir de 83 e 84, as pessoas tiveram outra visão e começaram a se auto proteger em relação a esses desastres. Nossa região é uma das que mais se reabilita após as catástrofes e o povo é bastante organizado”, enfatiza.

EM BRUSQUE

Na cidade, segundo Amaral, houve avanços como a construção do canal extravasor, o que ocorreu depois das enchentes, ajudando a evitar o transbordamento do Rio Itajaí-Mirim para diversas regiões da cidade. Outro progresso foi na própria Defesa Civil. “Nós tivemos aqui, nos últimos anos, aquisição de materiais, equipamentos, viaturas para estruturar a nossa Defesa Civil. O aumento e qualificação dos nossos colaboradores, uma parceria com o Corpo de Bombeiros”, conta ele, relembrando ainda a ativação do número 199, um dos únicos que atende durante 24 horas.

As interdições, temporárias ou definitivas foram todas mapeadas, o que ajudou na organização. “Há também um mapeamento das áreas de risco, tanto para alagamento, quanto para desmoronamentos. Houve também construção de moradias para pessoas que foram desabrigadas”.

Ainda foi investido em criação de sistema de telemetria. “Nós temos dez pluviômetros e seis sensores de níveis que emitem dados diretamente para o nosso departamento de Defesa Civil e daqui nós podemos fazer o monitoramento e avisar a comunidade de tomar alguma atitude com relação à prevenção”.

Também foram investidos em radiocomunicação, contratação de estudo de cota de enchente que já está sendo finalizado dentro de 30 dias, que será mais uma ferramenta de monitoramento. E, por fim, será lançado o site da Defesa Civil, onde o cidadão vai poder acessar os dados de telemetria, dados de chuva e níveis do rio.

Passados 30 anos desde que um dos maiores acontecimentos trágicos e naturais assolou Santa Catarina, as lembranças da família de Anírio Natal Fugazza e de tantas outras que sentiram diretamente os efeitos da enchente ainda se mantém vivas e firmes. Mas de tudo isso há uma certeza: “Não tem como esquecer, pois as dificuldades e os desafios foram bastante, mas graças a Deus, tudo transcorreu sem acontecimentos piores”, finaliza o empresário.

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