Através do projeto permane(SER) escritor, aprovado pelo Edital de Apoio à Cultura de Guabiruba, a escritora guabirubense Méroli Habitzreuter participou do dia 25 a 28 de julho da Festa Literária Internacional de Paraty. Desde 2003, a FLIP oferece uma experiência única, permeada pela literatura. Sempre em conexão com a cidade que a recebe, a festa é mais do que um evento, é uma manifestação cultural, numa interlocução permanente entre as artes, propaga vivências focadas sobretudo na diversidade.
Às margens do rio Perequê-Açu, numa arquitetura especialmente desenhada para cada ano da festa, autores se reúnem em conversas que transitam por múltiplos temas, como teatro, cinema e ciência. Além disso, a Flip oferece uma programação que mantém seus princípios fundadores: originalidade, intimismo, informalidade, o encontro singular entre escritores e público e, acima de tudo, ações de permanência. Flipinha, FlipZona e FlipMais compõem o programa da festa, com atividades que combinam literatura infantojuvenil, performance, debates, artes cênicas e visuais.
Cada edição presta homenagem a um autor brasileiro – neste ano Hilda Hilst (1930-2004) teve seu nome destacado. Ela escreveu poesia, ficção, teatro e crônica, tendo construído uma obra singular em língua portuguesa na segunda metade do século 20 em torno de temas como o amor, o sexo, a morte, Deus, a finitude das coisas e a transcendência da alma. Era leitora de Samuel Beckett, Friedrich Hölderlin, Fernando Pessoa, Rainer Maria Rilke, René Char e Saint-John Perse. A obra de Hilda Hilst reúne dezenas de títulos, entre os quais obras-primas como Cantares de perda e predileção (poesia), Rútilo nada (ficção) e A obscena senhora D (ficção).
“Esta oportunidade foi incrível! Ainda estou em frenesi. Paraty, transpira arte, história, cultura e nesta ocasião: literatura. Nestes dias de caminhada pelas pedras pé-de-moleque, pude entrar em contato com pessoas excepcionais, bater um papo descontraído com a Fernanda Torres e com a sua mãe Fernanda Montenegro”, destaca a autora.
As mesas que participei, também foram enriquecedoras, pude ouvir em sua língua, autores como Christopher de Hamel, Alain Mabanckou, André Aciman e Leila Slimani. A professora da USP, doutora em literatura, Eliane Robert Moraes, deu uma aula extraordinária sobre Hilda Hilst. Cada passo que dei, me deparei frente a pessoas incríveis, manifestações de algum dos gêneros da arte, desde a capoeira até o breve relato de um Jornalista da Rocinha ou os índios Pataxós, e em cada porta, em cada casa, da amarela à azul, um incrível mundo de experiências. Hoje só tenho a agradecer, por poder compartilhar com estas pessoas as minhas obras, a história que venho construindo na literatura”.