Árbitros e bandeiras são enclausurados

Já são sete dias de confinamento absoluto. Do hotel, na Barra da Tijuca, para o centro de treinamento, no vizinho Recreio dos Bandeirantes. Clausura que será mantida enquanto árbitros e auxiliares participarem da Copa do Mundo.

Ontem, pela primeira vez, eles puderam sair da pesada rotina de preparação, com um treino aberto para a imprensa. Durante duas horas, realizaram testes físicos e simulações dos lances de um jogo – pênaltis, expulsões e impedimentos, com a participação de atletas do Centro de Futebol do Zico, local da exibição e base da arbitragem no Brasil.

“É o ajuste final de um trabalho de acompanhamento que já dura três anos”, comenta Sandro Meira Ricci, do Distrito Federal, o brasileiro selecionado para o torneio, ao lado dos auxiliares Emerson Augusto de Carvalho e Marcelo Van Gasse, ambos de São Paulo.

Ao todo, são 91 homens – 25 trios e 8 duplas de apoio –, de 43 nacionalidades diferentes. Instalados em 150 quartos em 8 andares bloqueados. Vigiados por 450 câmeras, praticamente 24 horas por dia.

O sistema no estilo “Big Brother” tem razão de ser. A Fifa teme o assédio em cima daqueles que podem mudar o destino da taça. A entidade já recebeu um alerta de que organizações criminosas internacionais, ligadas a sites de apostas, tentaram contato com integrantes do grupo destacado para 2014.

No início da semana, o jornal norte-americano New York Times revelou que 15 amistosos antes do Mundial de 2010 tiveram resultados alterados. Ao longo da disputa na África do Sul, US$ 400 mil (R$ 899 mil) foram oferecidos para um árbitro influenciar em um resultado.

Os organizadores admitem que não há forma de livrar-se completamente do problema. E há, pelo menos, um furo importante no esquema de proteção. Árbitros e auxiliares viajam para as cidades das partidas em voos comerciais, como passageiros comuns.

“Soube dessa notícia do assédio, mas não estou preocupado. Se eu ouvir alguma coisa, ou souber de uma proposta, basta comunicar imediatamente para a Fifa”, diz o brasileiro Ricci.

A entidade não estabelece um padrão de comportamento. Mesmo assim, árbitros e auxiliares concordam que é saudável manter distância das redes sociais na internet. “Eu não tenho Facebook, Twitter, nada disso. As pessoas entram na sua intimidade, você abre espaço para o contato, não é uma boa”, comenta o auxiliar Carvalho.

Ansioso para estrear, o trio brasileiro não reclama do regime fechado. “Os dias têm passado rápido até, na expectativa de tudo começar. E a saudade da família a gente mata pelo Skype [programa de computador] e telefone”, afirma Van Gasse.

A escala para a primeira rodada deve ser divulgada neste final de semana. Depois, será conhecida sempre 48 horas antes dos confrontos.

FONTE /// Gazeta do Povo