(VIDEO) Especialista traz orientações sobre riscos com animais peçonhentos

Com a chegada do verão e das altas temperaturas, os animais peçonhentos, como cobras e serpentes, costumam ser cada vez mais avistados em residências. Diante desse cenário e do elevado número de ocorrências que o Corpo de Bombeiros tem atendido em Brusque e região, especialmente no resgate de cobras, a reportagem da Rádio Cidade entrevistou um especialista para esclarecer dúvidas, desmistificar informações, além de ajudar a população no momento em que se depara com esses animais.

Guilherme Waldrich Waldrigues, especialista no tema e que ministra palestras e cursos, explicou à reportagem que esses animais tendem a aparecer mais nesta época do ano, uma vez que são répteis e não possuem a capacidade de produzir calor.

"É muito importante que a gente passe essas informações para a população nesse período do ano, porque é um período em que elas ficam bem mais ativas. Tendo em vista que as serpentes são répteis e os répteis não têm a capacidade de produzir calor. Eles vão regular a temperatura, ao contrário do que algumas pessoas pensam: eles têm sangue frio. Não é que as serpentes têm sangue frio; elas controlam a temperatura, não produzem calor, e o fazem de acordo com a temperatura ambiente. Então, se estiverem em um lugar frio, vão procurar uma fonte de calor. Se estiverem em um lugar muito quente, buscarão um local mais fresco" comentou o especialista.

Waldrigues destacou que nesta época do ano esses animais realizam o acasalamento e a reprodução.

"Algumas espécies também entram no período de reprodução, no qual as fêmeas liberam feromônios para atrair os machos. Portanto, eles ficam mais agitados nesse período do ano. Durante o verão, com as temperaturas elevadas, as fêmeas entram no período reprodutivo, acasalam e, após dois ou três meses, dependendo da espécie, dão à luz ou colocam ovos. Isso ocorre porque há serpentes ovíparas, que depositam ovos, e serpentes ovovivíparas, que têm filhotes já formados que eclodem", comentou Waldrigues.

Sobre os tipos de serpentes que existem na região de Brusque, Waldrigues mencionou que há dois gêneros.

"Aqui na região de Brusque, a gente tem dois gêneros de serpentes de importância médica, que são peçonhentas. O primeiro é o gênero Bothrops, que inclui as espécies da Jararaca e Jararacuçu. O segundo é o gênero Micrurus, que engloba a coral verdadeira. Aqui em Brusque, temos a Micrurus corallinus. Portanto, são basicamente três espécies de serpentes de importância médica na região de Brusque: a Jararaca, a Jararacuçu e a coral verdadeira."

Waldrigues também explicou o tipo de veneno das espécies e a importância de procurar ajuda médica.

"As pessoas têm que entender que cada serpente tem um tipo de veneno diferente. A jararaca e a jararacuçu pertencem ao mesmo gênero, Bothrops. Portanto, se você for mordido por uma jararaca ou por uma jararacuçu, você vai receber o mesmo soro antibotrópico, porque o veneno delas tem a mesma ação, basicamente. Elas agem de forma hemotóxica, atuando diretamente na corrente sanguínea. Por isso, é importante nunca fazer um torniquete ou qualquer coisa do tipo, pois concentrar o veneno em uma parte do corpo pode levar a complicações quando buscar ajuda médica. Ao chegar no hospital, é possível ocorrer uma embolia pulmonar, ou o soro antiofídico pode não alcançar a área afetada. Já a Micrurus coralinus, a coral verdadeira, é uma serpente que possui um veneno de ação neurotóxica, agindo no sistema nervoso. Portanto, é uma ação completamente diferente. Isso destaca a importância da correta identificação no ambiente hospitalar e da aplicação do soro de maneira adequada."

O especialista também mencionou que a população não precisa levar o animal para o hospital quando é mordida por essas serpentes.

"No ambiente hospitalar, muitas vezes, não há um profissional qualificado para fazer a identificação. Eles vão analisar o quadro clínico da pessoa e, se necessário, monitorar, realizar exames de sangue para determinar a espécie da serpente envolvida. Na maioria dos casos, o hospital entrará em contato com o CITI, o Centro de Informações Toxicológicas de Florianópolis, que possui plantão 24 horas. Em casos de intoxicação ou envenenamento, seja por animais peçonhentos ou produtos químicos, eles contarão com uma equipe médica e biólogos para orientar sobre o que fazer. Portanto, se você sofrer um acidente com uma serpente, basta tirar uma foto e levar para o hospital, que encaminhará a imagem para o CITI", comentou o especialista.

Por fim, Waldrigues reforçou os tipos de cobras que existem na região de Brusque.

"Temos, basicamente, três espécies de importância médica: a jararacuçu, a jararaca e a coral verdadeira. As outras espécies que temos em grande quantidade aqui não oferecem risco algum. A caninana, as espécies de dormideiras, as espécies de cobra d'água e as espécies de cobra-cipó também não representam nenhum perigo. Portanto, em caso de dúvida, sempre procure um profissional, um especialista ou o Corpo de Bombeiros para fazer a coleta e a captura desses animais, soltando-os em um local adequado. Eu também oriento que a população não mate, pois todos os animais têm uma importância significativa no ecossistema. Em caso de acidente, procure imediatamente um hospital. O único primeiro socorro que você deve fazer é lavar o local da picada, manter a vítima calma e tranquila, e encaminhá-la para o hospital o mais rápido possível", finalizou Waldrigues.