Fundação Cultural recebeu oficina para cabelos crespos e cacheados

Quem olha os cabelos crespos e cacheados muitas vezes não sabe as histórias que cercam os penteados, para além da questão da beleza, eles carregam muito simbolismo e luta. Para ajudar as pessoas com cabelos cacheados e crespos, a oficina Crespos e Negritude reuniu quase 50 pessoas para oficinas que debateram o tema, além de deixar algumas dicas de cuidados para quem tem esse tipo de cabelo.

O evento ocorreu na Fundação Cultural de Brusque na tarde deste sábado (06), as pessoas presentes ouviram profissionais especializados. Entre elas a cabeleireira Karina Schirmer, que contou como começou a se especializar. “Minha paixão pelos cabelos cacheados começou em 2013, quando eu estava me preparando para casar e eu não achava um lugar que respeitasse meu cabelo, fazer meu penteado do jeito que ele é, natural. Todo mundo queria alisar, fazer babyliss,” disse.

Karine usou um traço do autismo para aprimorar os conhecimento. “Eu decidi aprender a cuidar do meu próprio cabelo, então, comecei a pesquisar tudo que tinha para pesquisar sobre cabelo cacheado, sou autista e isso se tornou o meu hiperfoco. Eu virava dia e noite pesquisando tudo que tinha para saber sobre cabelo cacheado. Eu aprendi que o povo só alisa o cabelo porque eles não sabem cuidar. Então, eu tornei isso a minha profissão. Hoje eu trabalho com o que eu amo. Eu ensino as mulheres a assumirem os cachos, a cuidarem dos seus cabelos e a não precisar mais alisar ou ficar presa a químicas, para ter um cabelo bonito,” explicou.

Tranças que vieram de além mar
A cabeleireira Veronika Vermelho, além de dar dicas sobre as tranças, aproveitou e contou um pouco da origem delas.  Eu gosto de falar da história. Eu sou uma pessoa negra, nascida no Brasil, então, essas tranças vieram na  época da escravatura, e muitas vezes, naquela época, as pessoas acabavam utilizando as tranças para além do significado estético, para simbolizar rotas que eles construíam para chegar nos quilombos, ou até mesmo para guardar grãos de alimento no meio das tranças,” contou. 

Vermelho destacou a importância de espaços que debatam o tema. “Essas conversas,  esses espaços, as crianças negras das próximas gerações já não vão passar pelos mesmos problemas. Quando a gente tem esses espaços para a gente conversar a respeito da importância da gente aceitar a nossa identidade, da gente entender o nosso cabelo, da gente entender as possibilidades que a gente tem, as possibilidades estéticas que a gente tem para mudar e não necessariamente mudar com uma química, a gente consegue ser em comunidade mais feliz,” esclareceu.


O evento contou com a seguinte programação:
Perdendo o medo de soltar o cabelo e tipos de cremes que se pode usar no cabelo, com Karina Schirmer 
Dicas para quem quer começar a fazer tranças e dicas de penteados, com Verônika Vermelho  
Mulheres na barbearia e tipos de corte, com Íthala Rocha.
Dicas de turbantes, com Shay Ferreira 

A oficina contou com a presença da intérprete de LIBRAS, Aysmin Coelho Pinheiro. O projeto foi contemplado pela Lei Paulo Gustavo do Governo Federal, Ministério da Cultura, e viabilizado pela Prefeitura de Brusque, por meio da Fundação Cultural de Brusque.