A Fundação Municipal de Meio Ambiente (Fundema) de Brusque iniciou, em setembro, um projeto de monitoramento da qualidade da água do rio Itajaí Mirim, visando à conservação dos recursos hídricos. O superintendente da fundação, Cristiano Ollinger, conversou com os jornalistas Dirlei Silva e Rodrigo Santos, no Rádio Revista Cidade, na manhã desta terça-feira (1), detalhando o trabalho. A ação consiste em coletas periódicas de amostras de água, realizadas em 11 pontos estratégicos do município, como pontes e saídas de ribeirões. A primeira coleta ocorreu no dia 23 de setembro, com o objetivo de identificar os principais problemas ambientais e orientar as ações de fiscalização.

Ollinger ressaltou que o monitoramento é resultado de anos de preocupações com a qualidade do rio, que tem apresentado problemas como mudanças na coloração, presença de espuma e denúncias de poluição. "Ao longo do tempo, com os técnicos da Fundema, elaboramos um projeto para ter dados concretos e entender em quais pontos podemos atuar com mais precisão", explicou. Ele também destacou a importância de identificar a origem das contaminações, que podem ter diversas causas, como a presença de indústrias têxteis, agrotóxicos provenientes de áreas rurais e falta de tratamento doméstico adequado.

Desafios do monitoramento

Durante a entrevista, Ollinger explicou que o monitoramento vai além do rio principal, incluindo também os ribeirões que deságuam no Itajaí Mirim. Questionado sobre um caso específico de poluição no ribeirão que divide os bairros Santa Rita e Santa Terezinha, ele informou que, até o momento, a fiscalização ocorre apenas mediante denúncias, mas que o novo projeto permitirá um acompanhamento mais sistemático da qualidade da água desses afluentes.

O superintendente ressaltou que a próxima etapa será identificar os pontos de pior qualidade e aprofundar a investigação nas áreas afetadas, verificando as possíveis fontes de contaminação, seja de empresas ou da falta de tratamento de esgoto doméstico. "Queremos trazer uma conscientização para a população sobre a importância da preservação ambiental. O monitoramento vai fornecer os dados que precisamos para iniciar um trabalho educativo e fiscalizatório mais efetivo", afirmou.

Situação do rio Itajaí Mirim ao longo do percurso

Cristiano Ollinger explicou que, por enquanto, não é possível determinar com precisão os trechos mais críticos do rio Itajaí Mirim. Segundo ele, o monitoramento pretende justamente responder a essa questão, já que fatores como presença de metais, agrotóxicos e até derivados de petróleo podem afetar a qualidade da água de formas que não são visíveis a olho nu. "A ideia é ir além do que o Samae já faz na análise de água para captação. Queremos ter um panorama completo, levando em conta vários indicadores", disse.

O superintendente mencionou que a coloração da água não é sempre um indicativo direto de sua qualidade, já que muitos poluentes, como metais pesados, não alteram a aparência visível. Ele destacou ainda a importância de entender que os resíduos acumulados em períodos de seca podem ser deslocados para o rio durante as chuvas, gerando manchas que nem sempre têm origem em indústrias, mas sim no esgoto acumulado.

Fundema e sustentabilidade na Fenarreco

Outro ponto abordado na entrevista foi a modernização da Fundema, que recentemente adotou um sistema 100% digital para os processos de protocolo, eliminando o uso de papel. Ollinger pediu paciência à população e aos técnicos durante essa fase de transição, destacando os benefícios em termos de transparência e eficiência.

Ele também revelou uma parceria entre a Fundema, a Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Turismo e a empresa Veolia, para garantir que os resíduos da Fenarreco, tradicional festa da cidade, sejam devidamente tratados. "Este ano, já teremos separação dos resíduos recicláveis e não recicláveis, e nossa meta é, no futuro, transformar a Fenarreco em um evento zero carbono", anunciou.

O monitoramento da qualidade do rio Itajaí Mirim e as iniciativas sustentáveis são passos importantes para Brusque, reforçando o compromisso da Fundema com a preservação ambiental e o desenvolvimento sustentável. Por fim, Olinger revelou que ainda esta semana o resultado das análises do rio serão divulgados pela Fundema.