Começou nesta quarta-feira (1º) a campanha Janeiro Branco. A ação visa alertar para os cuidados que as pessoas devem ter com a saúde mental e emocional. E foi para falar sobre esse assunto que o Rádio Revista Cidade recebeu, nesta quinta-feira (2), o psicólogo Fillipe Martineghi.

O terapeuta iniciou falando que grande parte das doenças físicas e psicológicas são desencadeadas pelo alto nível de estresse, que tem três fases: alerta, resistência e exaustão.

A fase de alerta, de acordo com ele, é quando a pessoa tem um desafio e ainda não desenvolveu habilidade suficiente para lidar com ele. Quando isso ocorre, o organismo se ativa. “Ele vai ter mais circulação de cortisol, adrenalina, adrenalina. Aumenta a frequência cardíaca. A gente fica mais ativo. No primeiro momento, a criatividade será melhor e a produtividade melhor. O sono desaparece. O humor fica como se fosse eufórico. A libido sexual aumenta”, explicou Martineghi.

Caso apareçam novos desafios antes dessa fase ser superada, ele assinalou que organismo começa a cansar e o pico de produtividade cai. “A gente entra naquele estado que a gente não consegue ter ideias novas. O sono, ele normaliza. Só que a gente dorme e acorda exausto, como se não tivesse dormido. O humor ele tende a ficar um pouquinho mais irritável e deprimido, e ansioso ao longo do dia. E a libido sexual ela cai.”

Já na fase de exaustão, o psicólogo disse que a criatividade e a produtividade ficam piores do estado normal antes do início do estresse. “A gente não consegue resolver problema cognitivo. Todo tipo de vulnerabilidade que a pessoa tem vai aparecer. Se a pessoa tem uma propensão a depressão, ali ela vai desenvolver. Se ela tem uma tendência biológica ou na família de ter crises de ansiedade, ali ela vai ter”, ressaltou. Segundo ele, problemas cardíacos, gástricos e hipertensão também podem se manifestar nessa fase. “Na fase da exaustão, não tem mais volta. Você vai precisar tratar com cada especialista com todos os danos possíveis que vieram a partir dali.”

Martineghi frisou que o estresse não é tão perceptível no início. “A pessoa está naquela euforia, então ela não percebe que está adoecendo. Geralmente, quando percebe é quando está na fase de exaustão.”

Segundo ele, as percepções dos estados emocionais são muito semelhantes às de qualquer estado fisiológico interno, como a fome e a sede, por exemplo.

O terapeuta lembrou que, até certo tempo, as pessoas não falavam das emoções com naturalidade, pois essa questão era moralizada. “Se você sentir raiva, você é uma pessoa ruim. Se está ansioso, você é uma pessoa fraca”, exemplificou como os indivíduos eram taxados até pouco tempo.

Focar nas atividades que promovam bem-estar

Como forma de prevenir o estresse, ele recomendou o tripé básico: alimentação saudável, boa noite de sono e atividades físicas constantes. Segundo ele, uma das coisas que mais agrava o estresse é o que estado de ruminação, ou seja, quando a pessoa fica remoendo pensamentos negativos. “Isso não é uma coisa totalmente controlável conscientemente”, salientou.  

Uma das dicas de Martineghi para que as pessoas consigam desfocar dos pensamentos negativos é incluir na rotina atividades que promovam sensação de bem-estar, como atividades físicas e uma boa socialização. “A pessoa tendo essas atividades competindo com aqueles pensamentos do problema, ela consegue passar menos tempo ruminando.”

A sugestão dele é que as pessoas aproveitem o início do ano e programem suas rotinas, incluindo atividades saudáveis, com o compromisso de colocá-las em prática, sem deixarem que o cansaço ou falta de tempo falem mais alto.