A reportagem do portal RC conversou com o advogado Sergio Bernardo Junior, que está atuando na defesa do suspeito de ter matado Samuel de Jesus Constantino, de 22 anos. O homicídio ocorreu na madrugada da última quinta-feira (6), no centro de Brusque. O jovem foi atingido com um tiro na cabeça.
Na manhã desta sexta-feira (7), seu cliente se apresentou espontaneamente à Polícia Civil. Em seu depoimento, o acusado alegou ter sido vítima de furto cometido pela vítima e afirmou ter reagido a essa agressão.
Como ocorreu o caso, segundo a defesa
Junior mencionou que seu cliente, que é proprietário de uma pizzaria, estava finalizando o expediente, fechando o caixa e organizando os pertences dentro de seu veículo, que estava com a porta aberta. Junior disse que o jovem teria se aproveitado da situação para furtar o dinheiro do caixa que estava no interior do carro. O advogado destacou que as imagens de câmeras de segurança confirmam que o indivíduo projetou o corpo para dentro do veículo para subtrair os valores e, em seguida, retornou para pegar uma quantia adicional.
No momento em que o suspeito saía do local, o proprietário do estabelecimento também deixava o interior do comércio e se encontrou com o jovem. Junior disse que seu cliente notou que ele segurava uma quantia de dinheiro amassada e, desconfiado da situação, questionou a origem do valor. A defesa mencionou que seu cliente, ao perceber que o dinheiro era proveniente do caixa de seu estabelecimento, reagiu. Durante a discussão, o jovem teria alegado que o dinheiro era proveniente da venda de drogas.
Luta corporal
Ainda conforme o relato da defesa, o confronto evoluiu para uma luta corporal, na qual o acusado tentou recuperar o dinheiro enquanto o jovem buscava garantir a posse do valor. Ambos caíram ao chão, e o comerciante, em um momento de vantagem, conseguiu imobilizar o rapaz. No entanto, a vítima resistia e não cessava suas tentativas de se desvencilhar.
Junior relatou que, diante da situação, o acusado teria solicitado à sua esposa que acionasse a Polícia para deter o jovem pelo suposto furto. “A esposa dele ligou para a Polícia. Eles têm também registrado nas câmeras de segurança. O telefone celular dela também foi confirmado pela Polícia”, disse o advogado, destacando que a Polícia não compareceu imediatamente ao local.
Com dificuldades para imobilizar o rapaz, Junior falou que seu cliente solicitou à sua esposa que trouxesse uma corda, permitindo que ele amarrasse primeiro os pés do suspeito. No entanto, a tentativa de imobilização das mãos não foi totalmente eficaz, e o jovem continuou a se debater, tentando se libertar.
Tentativa de render a vítima
Diante da resistência, o acusado sacou sua arma na tentativa de render o suspeito por meio de intimidação. Entretanto, como precisava conter fisicamente o jovem, utilizava uma das mãos para segurá-lo, o que acabou aproximando a arma da vítima. Em meio à luta corporal, o jovem conseguiu soltar um dos braços e agarrar a arma, iniciando uma disputa pela posse do objeto.
Disparo
Durante o embate, o advogado ressaltou que o comerciante teria instintivamente dobrado o dedo para evitar que a arma escorregasse de sua mão. Nesse momento, ocorreu um disparo acidental, que atingiu o jovem no rosto, com o projétil em diagonal, saindo pelo lado da cabeça. “Ele, então, cai, não morre imediatamente, mas cai. O meu cliente fica em pânico, super assustado e desesperado do que fazer e sem saber o que fazer”, contou Junior. Segundo ele, seu cliente não tem a posse da arma e sim autorização da trafegá-la.
A defesa sustentou que seu cliente não tinha intenção de matar a vítima, tendo ocorrido um disparo acidental na tentativa de manter a posse da arma.
Estado de choque
Diante da situação, Junior falou que seu cliente, em estado de choque, deixou sua esposa em Brusque e se dirigiu inicialmente a Itajaí, viajando sem um destino definido, desorientado e emocionalmente abalado pelo ocorrido.
Após algumas horas e ainda transtornado, ele decidiu se dirigir para sua propriedade rural, em Campo Alegre. Junior disse que seu cliente, quando estava com a mente um pouco mais lúcida, entrou em contato com ele e relatou o ocorrido.
Trabalhador e sem vínculo com o crime
O advogado disse que seu cliente é trabalhador, conhecido em Brusque e não é voltado ao crime. “Não é uma pessoa que vai fugir, tanto que saiu de Brusque, mas saiu no desespero. Retornou e vai responder a todos os chamados da Polícia, da Justiça”, afirmou.
Investigação
A Polícia Civil segue conduzindo a investigação para esclarecer o crime.