Na edição desta quinta-feira (17) do programa Conexão 92, véspera de feriado, recebeu o maestro Wilson Schmidt Júnior, responsável pela fanfarra da Escola Cívico-Militar do bairro Paquetá. Apaixonado por música e ex-integrante da histórica fanfarra do João XXIII, Wilson compartilhou sua trajetória, os desafios enfrentados e os sonhos para o futuro da fanfarra brusquense, que hoje reúne cerca de 40 crianças e adolescentes entre 11 e 15 anos.
“Brusque já foi um celeiro de bandas e fanfarras, com referências como João XXIII, Padre Lux, São Luiz, Consul e Augusta Knorring. Mas infelizmente, essa tradição foi se perdendo com o tempo, principalmente por falta de incentivo público e pela concorrência com as tecnologias, como redes sociais e jogos digitais”, comentou o maestro.
Wilson coordena de forma voluntária o projeto da fanfarra do Paquetá, que atua na modalidade percussão sinfônica, uma alternativa mais viável financeiramente, já que não exige instrumentos de sopro, cujo custo é muito mais elevado. “Para montar uma fanfarra simples hoje, com tambores básicos para desfiles, o investimento inicial é de pelo menos R$ 10 mil. Se for uma banda marcial completa, o valor sobe consideravelmente”, explicou.
Apesar dos desafios, os resultados têm sido animadores. “No começo foi difícil atrair os alunos. Mas eu dizia: ‘dê uma chance à fanfarra’. Depois da primeira apresentação, eles se apaixonam. E é isso que tem acontecido. Hoje temos um grupo engajado, com apoio da escola e dos agentes cívico-militares que ajudam a manter a disciplina nos ensaios”, afirmou.
Além da disciplina, Wilson citou que a música contribui para o desenvolvimento humano. “Eu não me lembro de nenhum aluno que tenha passado pelas bandas em que atuei e tenha se desviado do caminho certo. A fanfarra oferece mais do que música: oferece civilidade, propósito e transformação”, destacou Wilson.
Competições e sonho nacional
A fanfarra do Paquetá já participa de competições regionais e estaduais, e o objetivo agora é ainda mais ambicioso: levar o grupo ao campeonato nacional. “Esse é o nosso grande sonho. A última vez que Brusque foi representada em um nacional foi em 2014, pela banda Augusta Knorring. Queremos repetir esse feito com nossos alunos”, disse.
A previsão é de que o campeonato nacional ocorra ainda este ano, possivelmente no Mato Grosso do Sul ou Espírito Santo, o que implica em custos elevados com transporte e hospedagem. Por isso, Wilson já articula ações para arrecadação de recursos. “Vamos buscar patrocínio com empresas, fazer pedágios e contar com a ajuda da comunidade. Toda colaboração será bem-vinda.”