O ex-prefeito de Brusque, Ari Vequi, concedeu uma entrevista na segunda-feira (16) à Cidade FM, onde detalhou sua situação jurídica e os planos para uma possível candidatura a deputado estadual em 2026. Vequi, que teve seu mandato cassado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em 2023 e ficou inelegível por oito anos, mantém esperanças de reverter a decisão judicial ainda este ano.
Durante a conversa, Vequi explicou que mantém reuniões semanais com seus advogados para acompanhar o processo de reversão da inelegibilidade. “Eu continuo nessa batida, ainda semana passada estive em reunião com os advogados, continuamos, acreditávamos até que em maio sairia uma decisão”, afirmou o ex-prefeito, demonstrando ansiedade com a demora no julgamento.
O político revelou que já são cinco anos desde o início da questão da inelegibilidade, que teve origem em 2020, mas foi formalizada em maio de 2022. “Os advogados têm dito com muita firmeza, com muita garantia, que vão conseguir reverter isso”, declarou Vequi, embora tenha manifestado preocupação com o prazo.
A principal preocupação do ex-prefeito é que a decisão saia em tempo hábil para o registro de candidatura, que deve ocorrer até 5 de agosto de 2025. “Eu não quero reverter isso em abril do ano que vem, pode reverter até agosto do ano que vem”, explicou, justificando que uma candidatura viável precisa de tempo de preparação.
Vequi fez questão de enfatizar sua postura transparente em relação à situação. “Eu não quero aqui enganar ninguém, eu sempre fico muito sincero com isso, porque quando a pessoa me pergunta, tu é candidato? Eu digo, ainda não”, declarou o político.
Ele também descartou a possibilidade de tentar uma liminar de última hora: “Eu não vou chegar lá em agosto e vou tentar uma liminar para ser candidato, que daí acaba dois meses, a liminar cai, aí na metade ganha eleição e depois não pode assumir, como aconteceu em vários anos aqui na nossa cidade, eu não vou fazer isso com a população”.
Definição partidária e alinhamento político
Quanto à filiação partidária, Vequi indicou que deve se filiar a um dos partidos que compõem a base do governador Jorginho Mello: PL, (MDB onde ele já se encontra filiado), PP, União Brasil ou Republicanos. Sua preferência declarada é pelo “partido do governador”, em reconhecimento ao apoio recebido durante o processo de cassação.
“O governador Jorginho tem sido um parceiro, então eu quero concorrer a deputado estadual, sim, quero poder disputar a eleição do lado do grupo que está hoje”, afirmou Vequi, elogiando a aprovação de mais de 77% do governador na região.
O ex-prefeito destacou ainda o trabalho do governo estadual na área da saúde, citando os avanços no Hospital de Azambuja e a esperança de resolver definitivamente a questão da oncologia na região.
Análise sobre representação política regional
Um dos pontos centrais da entrevista foi a crítica de Vequi à falta de representação política de Brusque na Assembleia Legislativa. Ele comparou a situação do município com outras cidades: “Tubarão é a décima terceira cidade do estado, nós estamos a décima primeira, em PIB nós estamos os nonos do estado. Tubarão tem dois deputados (…) e nós brusques com 150 mil habitantes, a nona economia do estado, nenhum deputado”.
O ex-prefeito fez as contas do prejuízo financeiro: “Um deputado estadual representa hoje, só de emenda pessoal, 18 milhões. Se a metade cair em Brusque, nós estamos falando de 9, 10 milhões. Então, Brusque está perdendo, durante quatro anos, no mínimo, 40 milhões só de emenda, por não ter um deputado”.
Cenário eleitoral e expectativas
Sobre o cenário político atual, Vequi observou uma “carência da presença do ser político” na cidade e avaliou que a eleição de 2026 será “muito mais nacionalizada”. Ele citou conversas com eleitores que demonstram preocupação com questões nacionais, especialmente sobre o futuro do governo federal.
O ex-prefeito também mencionou a tentativa frustrada de eleger o médico Jonas como deputado em eleições anteriores: “Erramos por pouco, mais mil votos. Um único candidato da cidade, se não tivesse ido, foi seis na época, se não tivesse ido um, talvez nós tínhamos o doutor Jonas de deputado”.
Recursos jurídicos e perspectivas
Na parte mais técnica da entrevista, Vequi detalhou que sua defesa optou por uma estratégia específica: solicitar apenas a anulação da inelegibilidade, sem questionar o mérito principal do processo. “Para eliminar isso, a gente fez o que? A gente está apenas pedindo a minha inelegibilidade. Nós não estamos discutindo mais o processo principal”, explicou.
O caso está agora no Supremo Tribunal Federal, na segunda turma, tendo como relator o ministro Nunes Marques. Vequi demonstrou otimismo com a composição da turma, que inclui dois ministros indicados pelo ex-presidente Jair Bolsonaro.
“A gente está muito confiante, os advogados estão muito confiantes, de que nós retornaremos à elegibilidade”, declarou o ex-prefeito, que espera uma definição até o final de 2024.
A entrevista revelou um político determinado a retornar à vida pública, apostando na reversão judicial de sua situação e na construção de uma candidatura que, segundo suas palavras, seja “uma chapa robusta, uma chapa com condições reais de ganhar a eleição”.