Os acadêmicos de Arquitetura e Urbanismo da UNIFEBE receberam na noite desta segunda-feira (18), Kadu Niemeyer, neto de Oscar Niemeyer, e o arquiteto Jair Varela, colega de do maior arquiteto brasileiro trabalho há mais de 40 anos.
Em um bate-papo com os estudantes, Kadu falou sobre a relação com o avô com quem morou no Brasil e no exterior desde a adolescência. Fotógrafo de arquitetura, ele falou sobre o seu amor pela fotografia e sobre o seu olhar apurado para as formas das edificações herdado de Oscar. “Foi ele quem me ensinou a fotografar e a explorar diferentes ângulos para, de fato, mostrar a arte existente na arquitetura”, revelou Kadu.
Hoje, o fotógrafo mantém vivo o legado do avô, administrando o escritório do arquiteto. Durante a conversa, Kadu apresentou alguns projetos icônicos do avô que estão em tratativas para serem executados em Maricá, no Rio de Janeiro.
O desenho como expressão da criatividade e a visão espacial de Oscar Niemeyer em cada um de seus projetos foram algumas das qualidades relembradas com carinho pelo colega de trabalho, Jair Varela. O arquiteto apresentou os últimos três projetos feitos manualmente por Oscar. Dentre eles, o da Vinícola Chateau La Coste, na França, e o do Centro Musical solicitado pelo rei do Marrocos.
O projeto “A esfera”, desenvolvido em Leipzig, na Alemanha, encheu os olhos dos estudantes que visualizaram os croquis, fotos das maquetes, do projeto em execução e da obra pronta. Encomendada pelo proprietário da empresa alemã Kirow, para ser um restaurante anexo à sua sede, a obra se sobressai entre os prédios centenários da região. Uma verdadeira esfera, flutuante e moderna, feita de concreto e vidro.
“Oscar recebeu no Brasil um alemão que veio ao país para conhecer suas principais obras em Brasília e no Rio de Janeiro. Na ocasião, ele disse que gostaria de um projeto para a sua empresa. Fui para a Alemanha e percebi que não havia espaço entre as edificações. Cheguei ao Rio e contei para o Oscar. Depois de dias pensando, ele me disse que tinha a solução: construir uma esfera que flutuasse sobre o complexo industrial”, contou Varela. A obra foi executada após a morte de Oscar e acompanhada de perto por Varela. Hoje, “A Esfera” é uma verdadeira obra de arte, marcada na história como o último projeto de Niemeyer.
Como inspiração para os estudantes de Arquitetura e Urbanismo da UNIFEBE, Varela lembrou que Oscar desenhava mesmo sem clientes e, após cada croqui, escrevia um texto sobre sua criação e lia em voz alta. Caso o texto o convencesse, de fato a ideia deveria seguir. “O compromisso estético que ele adotou desde o início da sua carreira o mantinha jovem aos cem anos de idade. Mesmo com tanto tempo de convivência, a cada novo projeto eu me emocionava ao vê-lo criar”, acrescentou Varela.
Para o coordenador de Arquitetura e Urbanismo da UNIFEBE, professor Marcelius Oliveira de Aguiar, a roda de conversa enriqueceu o processo de ensino-aprendizagem dos estudantes. “É muito gratificante perceber que tudo o que falamos em sala de aula foi comentado ali, como o processo criativo, o desenvolvimento de croquis e o uso da maquete para estudos do projeto. Isso chancela o que nós solicitamos aos nossos acadêmicos a serem desenvolvidos no processo de elaboração de projetos arquitetônicos”, comentou o professor.
A presença dos convidados foi celebrada pela reitora da UNIFEBE, a professora Rosemari Glatz. “É uma honra para a nossa instituição poder trazer essas pessoas com tanto conhecimento e experiência para compartilhar com os nossos alunos. Nossa cidade tem uma forte ligação com o maior arquiteto do Brasil, e receber o neto e o colega de trabalho de Oscar Niemeyer em nossa casa torna esse momento ímpar para a história da instituição, para o curso de Arquitetura e também para a própria cidade”, concluiu a reitora.