No programa Conexão 92 desta quinta-feira (6), o convidado foi o tenente-coronel Pedro Carlos Machado Júnior, comandante do 18º Batalhão de Polícia Militar de Brusque. A entrevista deu continuidade ao tema da semana, que destacou Brusque como a cidade mais segura do país segundo levantamento nacional baseado em índices de homicídios e mortes violentas. O comandante falou sobre o papel da Polícia Militar nesse resultado, os desafios do trabalho diário e as ações de prevenção que vêm sendo realizadas na cidade e região.
“Essa notícia foi excelente, não só para Brusque, mas para Santa Catarina. As três primeiras colocadas no ranking são daqui do estado: Brusque, Jaraguá do Sul e Tubarão. Isso demonstra o trabalho das forças de segurança, Polícia Militar, Polícia Civil e Polícia Científica, que estão realmente dando resultados”, afirmou o comandante.
Pedro ressaltou que a presença constante da Polícia Militar nas ruas é fundamental para prevenir não apenas furtos e roubos, mas também os crimes mais graves. “O homicídio é o crime mais grave, onde as pessoas sentem mais a ausência de segurança. Mas a presença da polícia na rua tem reflexo direto nisso. E também nas mortes no trânsito, que são algo que nos preocupa muito e trabalhamos em parceria com a GTB para reduzir.”
O comandante reconheceu que, apesar dos bons índices, ainda há muito a ser feito. “Nós temos os dois pés no chão. Sabemos que precisamos melhorar alguns aspectos da segurança. Mas o resultado mostra que a polícia está atuando em várias frentes, combatendo crimes correlatos como roubo, feminicídio e tráfico de drogas, que estão muitas vezes ligados aos homicídios.”
Sobre o tráfico de drogas, ele afirmou que o combate é constante e decisivo. “É um dos principais problemas da segurança pública, porque o tráfico gera outras microcriminalidades ao redor, furtos, violência e dívidas. Temos atuado com firmeza, mas muitas vezes prendemos os mesmos indivíduos várias vezes, e isso mostra que o problema está também na legislação, que é muito complacente com esse tipo de crime.”
Pedro destacou o papel da tecnologia como aliada da polícia. “A tecnologia veio para ajudar. Hoje temos câmeras com reconhecimento de placas e, em breve, reconhecimento facial. A prefeitura já iniciou um projeto para instalar quase 300 câmeras na cidade, algumas com ligação direta à polícia. Isso será um salto de qualidade no monitoramento. E as câmeras particulares também ajudam muito, tanto residenciais quanto de empresas. Às vezes o cidadão pensa que não adianta filmar, mas essas imagens são fundamentais para a investigação e a condenação do criminoso.”
O comandante também falou sobre a importância da Rede de Vizinhos, iniciativa que conecta moradores com a Polícia Militar. “É uma estratégia muito eficaz. Nós tínhamos índices de furto crescendo ano a ano, e depois da implantação das redes, eles diminuíram. Hoje temos mais de 120 redes em Brusque, algumas abrangendo mais de uma rua ou até bairros inteiros. Quem quiser criar uma rede pode solicitar pelo site da Prefeitura. É uma forma direta de garantir mais segurança.”
Outro tema abordado foi a estrutura do batalhão e os projetos de ampliação. “Hoje estamos em um prédio antigo, que era uma escola da década de 60. Já reformamos várias vezes e o custo acaba sendo maior do que construir um novo. Nosso objetivo é ter uma sede moderna e funcional. Mas, no momento, o foco está na construção do quartel de Gaspar, que também faz parte do batalhão e está em situação mais crítica. Depois de concluído lá, vamos buscar recursos para a nova sede em Brusque.”
O tenente-coronel também comentou sobre o trabalho nas demais cidades sob seu comando, que são Gaspar, Guabiruba, Ilhota e Botuverá. “Gaspar ainda requer mais atenção, por ter um fluxo grande de pessoas e rodovias que ligam litoral e interior. É uma cidade que melhorou muito, reduziu a presença de facções e tráfico, mas exige vigilância constante. Já Ilhota, pela proximidade com Itajaí e Navegantes, também demanda cuidado. São cidades estratégicas e estamos sempre atentos.”
Com a proximidade do fim de ano, o comandante alertou para dois problemas recorrentes: acidentes de trânsito e perturbação do sossego. “A principal causa das mortes no trânsito é a imprudência, especialmente com consumo de álcool. Então, quem vai beber, não dirija. Use transporte por aplicativo, carona, qualquer alternativa segura. E dirija não só por você, mas pelos outros. Já quanto ao som alto, é uma das ocorrências mais atendidas em todo o estado. Falta empatia. Se as pessoas se colocassem no lugar do vizinho que precisa descansar, a polícia teria menos dessas ocorrências.”



