No Conexão 92 desta segunda-feira (10), o convidado foi o doutor Jeison Alexandre, coordenador de Saúde Bucal da Atenção Básica de Brusque, que falou sobre a Semana de Prevenção ao Câncer de Boca e os cuidados necessários para identificar precocemente a doença.
O profissional explicou que as ações de prevenção estão sendo realizadas em todas as unidades de saúde do município. “Unimos a campanha nacional de prevenção ao câncer bucal com o Novembro Azul, porque a maior incidência da doença é entre homens acima de 40 anos. As equipes estão promovendo palestras, orientações e atividades educativas nas comunidades e nos grupos de tabagismo”, destacou.
Segundo o doutor Jeison, o câncer de boca é uma das formas mais agressivas da doença e está fortemente relacionado ao consumo de álcool e cigarro. “O tipo mais comum é o carcinoma epidermoide, responsável por cerca de 90% dos casos. Em Brusque, tivemos 26 notificações em 2024 e, neste ano, já contabilizamos seis casos”, informou.
O especialista alertou sobre os sintomas mais frequentes, como feridas persistentes na boca, rouquidão, dificuldade para engolir, sangramentos e manchas avermelhadas ou esbranquiçadas. “Essas lesões podem ser confundidas com aftas, mas enquanto as aftas cicatrizam em até 14 dias, o câncer não regride. É importante ficar atento e procurar o dentista se algo diferente aparecer”, ressaltou.
Ele também explicou como é feito o diagnóstico. “Quando há suspeita, encaminhamos o paciente para biópsia com o setor de estomatologia do Centro de Especialidades Odontológicas. A partir do laudo, iniciamos o tratamento, que envolve cirurgia e, dependendo do caso, radioterapia e até quimioterapia.”
O coordenador reforçou que o diagnóstico precoce aumenta significativamente as chances de cura. “Quando descoberto no início, o prognóstico é de 80% a 100% de cura. O problema é que mais da metade dos pacientes chega ao consultório em estágio avançado, o que reduz muito as chances de recuperação.”
Jeison também comentou que traumas recorrentes, próteses mal adaptadas e higiene inadequada podem contribuir para o surgimento da doença. “Todo trauma constante em boca pode gerar lesões que evoluem para câncer. Também há relação com o HPV e até com o consumo de chimarrão ou mate muito quente, que causa irritação crônica na mucosa.”
O dentista ressaltou ainda a importância das consultas regulares. “As pessoas precisam entender que o cuidado é durante o ano todo, não só nas campanhas. O ideal é procurar atendimento médico e odontológico a cada seis meses ou, no máximo, uma vez por ano. E não ir ao dentista apenas quando há dor ou cárie, é preciso conversar, tirar dúvidas e se prevenir.”
Durante a entrevista, o coordenador destacou também a importância do autoexame bucal, que pode ajudar na detecção precoce. “É simples: em um local bem iluminado e com espelho, a pessoa deve observar os lábios, gengiva, língua, garganta e bochechas. Qualquer alteração, dor ou mancha diferente deve ser avaliada por um profissional.”




