A Fundação Cultural de Brusque está recebendo, até esta sexta-feira (5), a exposição “A História em Tintas e Telas”, um projeto desenvolvido ao longo de três meses com alunos do Atendimento Educacional Especializado (AEE) da escola professora Augusta Dutra de Souza. A mostra apresenta releituras de casarões e paisagens históricas da cidade, produzidas por oito estudantes com idades entre 12 e 15 anos.
A iniciativa nasceu durante as comemorações pelos 165 anos de Brusque, com o objetivo de unir memória, arte, inclusão e sustentabilidade. Parte das telas foi produzida com materiais reaproveitados, como papelão, madeira de demolição e tintas recuperadas, incentivando o pensamento sustentável desde o processo criativo.
O trabalho envolveu diversas etapas, pesquisa de fotos antigas, seleção de imagens, produção de resumos, estudos digitais com o uso de chromebook e canvas e, por fim, a pintura das telas, algumas realizadas individualmente e outras em dupla ou de forma coletiva. O processo também permitiu que os alunos explorassem novas habilidades artísticas, com resultados que surpreenderam até quem participou da construção do projeto.
Além da produção visual, o projeto também teve impacto pedagógico. Os encontros semanais estimularam a coordenação motora, a atenção, a comunicação, o pensamento crítico e a socialização. Em alguns casos, o processo de pintura foi uma ferramenta terapêutica para trabalhar compartilhamento, convivência e respeito ao tempo e à contribuição do outro.
Em uma das telas, por exemplo, a pintura coletiva foi escolhida como método. A proposta envolveu alunos com perfis distintos, um com dificuldade de colaboração, outro muito introspectivo e pouco comunicativo. A tarefa exigia que cada estudante pintasse uma parte e deixasse espaço para a contribuição do próximo. Segundo relatos da escola, o resultado foi mais que uma obra, foi um processo de convivência e descoberta.
Durante a exposição, um episódio chamou atenção: a aluna Maria Cecília visitou o espaço e viu seu quadro exposto ao lado de uma das figuras mais importantes do Instituto Aldo Krieger, instituição retratada em sua tela. A coincidência gerou conversa, conexão e até um registro nas redes sociais do Instituto, marcando um dos momentos mais simbólicos do projeto.
“O mais bonito desse projeto não está só nos quadros expostos, mas no caminho que cada aluno percorreu até chegar até aqui. No início do ano, muitos tinham dificuldades de comunicação, interação ou autonomia e hoje vemos alunos mais confiantes, participativos e conscientes do próprio potencial”, destacou o professor Marcelo da Silva Gomes.
“O verdadeiro significado da exposição é celebrar não apenas a história de Brusque, mas a história que esses estudantes começaram a escrever sobre si mesmos”, concluiu.
A exposição segue aberta ao público no horário de funcionamento da Fundação Cultural de Brusque. A visitação ocorre até sexta-feira à noite, com possibilidade de permanecer em exibição até a próxima semana. Ainda há tempo para quem deseja conhecer o resultado dessa experiência artística, inclusiva e humana.




