Na tarde desta terça-feira (9), o Conexão 92 recebeu a médica cirurgiã oncológica Lilly Ana Aichinger, especialista em câncer de pele, para um bate-papo sobre prevenção em meio à chegada do verão. A profissional reforçou que o câncer de pele é o tipo mais comum no Brasil e que os cuidados precisam começar muito antes da vida adulta.
“O ideal é a gente começar a prevenção já desde a infância”, destacou. Segundo ela, é justamente nessa fase que acontece a maior exposição solar. “As crianças fazem muitas atividades ao ar livre e têm uma pele mais sensível. Então, desde os primeiros momentos da vida é importante proteger.”
Dra. Lilly explicou que bebês de até seis meses não devem ser expostos ao sol, e que, quando necessário, a proteção deve ser exclusivamente física. “Camiseta, bonézinho, óculos, guarda-sol. A partir dos seis meses entramos com o protetor solar infantil, que segue recomendado até os dez anos.”
Ela também chamou atenção para um equívoco comum no verão: achar que estar sob um guarda-sol é suficiente. “O sol é refletido pela areia e pela água. Mesmo na sombra, você recebe radiação. Em um dia claro, no horário de pico, você pode receber 50% da radiação apenas pelo reflexo. Então não adianta ficar só na sombra. Tem que usar protetor solar.”
Sobre a conscientização da população, a médica observa diferentes perfis. “Eu vejo muitos jovens se cuidando, principalmente as mulheres, por causa da estética, manchas, rugas, envelhecimento. Já os homens tendem a ser mais relapsos. Isso não é só na pele, é na saúde como um todo”, afirmou.
A cor da pele também influencia nos riscos. “As peles mais claras têm menos melanina, que é como se fosse um protetor natural. Então essas pessoas são mais sensíveis ao dano solar e têm mais risco de câncer de pele”, explicou. Mesmo assim, ela ressaltou: “O câncer de pele acontece em todos os tipos de pele.”
Durante a entrevista, a cirurgiã explicou os principais tipos da doença. “Os cânceres não melanoma são os mais frequentes, como o carcinoma basocelular e o carcinoma de células escamosas. Já o melanoma é extremamente agressivo e pode causar metástases e óbito.” Apesar disso, o diagnóstico precoce oferece altas chances de cura. “Se a gente pegar bem no começo, conseguimos 100% de chance de cura em muitos casos.”
Sobre sinais de alerta, ela foi direta: “Qualquer ferida que não cicatriza, qualquer pintinha nova ou que mudou de tamanho, forma ou cor precisa ser avaliada. Conhecer o seu corpo é fundamental.”
A médica também rebateu o mito de que “sol nunca é demais”. Ela contou que atende diversos pacientes que trabalham sob sol intenso, como pedreiros, pescadores e até profissionais que atuam na rua. “Ontem mesmo operei um paciente de 41 anos, lixeiro, com câncer de pele no rosto. O sol tem benefícios, mas a radiação ultravioleta é prejudicial e aumentou nas últimas décadas com alterações na camada de ozônio. O Brasil é um dos países com maior índice de câncer de pele do mundo.”
Outro ponto que gerou atenção foi o bronzeado. “O bronzeado não é saudável. Ele é um dano. É uma reação da pele para tentar se proteger da radiação. É um mito achar que bronzeado é sinônimo de saúde”, afirmou. Ela também alertou para o perigo das câmeras de bronzeamento artificial.
Por fim, ela orientou sobre o uso de protetores. Apesar da praticidade do spray, ele pode não garantir a quantidade necessária. “O líquido é o que mais chega na proteção indicada no rótulo. O spray dispersa no ar, principalmente com vento, e acaba protegendo menos. Mas qualquer protetor é melhor do que não usar.”



