De acordo com o último Censo divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no Brasil existem 45.623.910 pessoas com deficiência, o que representa 24% da população do país. Além disso, desse número, onze milhões de pessoas com deficiência são consideradas com capacidade laboral, conforme a estimativa do Ministério do Trabalho e Emprego. Mesmo assim nem todas as empresas e entidades contratam profissionais que tenham alguma deficiência. Mas, como mudar esse cenário? Como trabalhar em prol da inclusão no mercado de trabalho?
Esse foi o tema da palestra “Conscientização Corporativa sobre a Inclusão no Trabalho”, realizada pela Unimed Brusque na noite de quarta-feira (23), na sede da entidade. Como parte da programação da 1ª Semana da Diversidade da cooperativa, o evento foi ministrado pela consultora de inclusão da empresa Talento Incluir (SP), Tabata Contri e reuniu cerca de cem pessoas, entre colaboradores da Unimed e a comunidade de forma geral.
A 1ª Semana da Diversidade foi desenvolvida em alusão ao Dia Nacional da Luta das Pessoas com Deficiência, celebrado no dia 21 de setembro, e tem como objetivo promover respeito e convivência natural com as pessoas com deficiência, bem como sensibilizar colaboradores da Unimed e a comunidade de forma geral para que estejam mais preparados ao receber e relacionar-se com profissionais deficientes no ambiente de trabalho.
“Essa Semana da Diversidade é uma iniciativa dos próprios colaboradores da Unimed Brusque e é sempre muito importante falarmos de inclusão. A palestrante trouxe um novo olhar, uma nova conscientização e mostrou que apesar das limitações as pessoas com deficiência podem mostrar suas habilidades, que podem ser até melhores do que uma pessoa normal em determinados casos. Para isso, basta apenas darmos oportunidades para essas pessoas”, pontuou o diretor presidente da Unimed Brusque, Carlos Germano Ristow.
Barreiras para a inclusão
Com a sua história de vida e a sua experiência como cadeirante há 14 anos, após um acidente de trânsito, Tabata falou sobre a importância da conscientização da sociedade para as pessoas com deficiência, das dificuldades e melhorias conquistadas ao longo dos anos na área de inclusão e das necessidades da sociedade perceber que os deficientes podem ser profissionais como qualquer outro. “A inclusão de pessoas com deficiência no mercado de trabalho é lei, mas não podemos contratar deficientes só por conta da legalidade. Se fizermos isso estaremos contratando números e não pessoas. É preciso valorizar, dar oportunidade e ver o que aquele ser humano tem de bom que possa somar para a empresa. Além disso, também é necessário se relacionar com essas pessoas, descobrir e se informar sobre as deficiências delas e com elas ver quais são as necessidades de adaptação e acessibilidade nas organizações”, comentou.
Ao longo da palestra, Tabata também apresentou exemplos de empresas que contrataram e rejeitaram deficientes, bem como das leis que incentivam a contratação pessoas nessas condições para o mercado de trabalho. Para ela, entretanto, a maior barreira para inclusão ainda é a conscientização. “Para as barreiras físicas, que são um problema em todo o Brasil, basta vermos a necessidade da pessoa e, às vezes, para isso nem são necessários grandes investimentos ou mudanças dentro da empresa. Mas, acima de tudo precisamos ter a nossa mente aberta para recebermos as pessoas no mercado de trabalho em suas mais variadas diversidades, seja por uma deficiência, por uma orientação sexual ou de religião diferente. Trabalhar nos permite sonhar e realizar sonhos, e isso pode dar certo para os deficientes, eles só precisam que acreditem na capacidade deles”, completou.
A iniciativa da Unimed Brusque, através da 1ª Semana da Diversidade foi avaliada de forma positiva pela palestrante como um primeiro passo para a conscientização e para que a inclusão aconteça. “A Unimed Brusque por lei ainda não precisa ter colaboradores com deficiência, mas já mostrou o interesse em se capacitar sobre o assunto antes de contratar algum deficiente quando isso for alguma obrigação. Uma palestra não resolve a vida de ninguém, mas abre caminhos e possibilidades para se trabalhar com o tema”, completou.
Ao longo de todo o evento uma intérprete de Libras acompanhou a palestra, traduzindo para a linguagem de sinais os assuntos abordados e reforçando ainda mais a inclusão.
Participação especial
Na oportunidade, cinco alunos da Pré-Qualificação do Trabalho, da Associação dos Pais e amigos dos Excepcionais (Apae) de Brusque estiveram presentes no evento, em parceria com a Unimed, no auxílio da recepção do público. Além disso, outros profissionais, como professores, orientadores pedagógicos, psicólogos, que atuam na associação, também prestigiaram a palestra. “A busca pelos nossos sonhos é um caminho que todos querem trilhar e isso só vai acontecer quando tivermos oportunidades. E hoje foi um momento de oportunidades, já que além da troca de conhecimento os nossos alunos tiveram a experiência de atuaram no mercado de trabalho, o que para eles foi muito importante, foi uma conquista”, avaliou a diretora da Apae de Brusque, Sandra Helena Almeida.
Além da palestra, outras ações foram promovidas pela Unimed Brusque ao longo da 1ª Semana da Diversidade. Nesta quinta-feira, 24, acontece o Cinema inclusivo, voltado para os colaboradores Unimed Brusque.