A Central de Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos e Tecidos de Santa Catarina (SC Transplantes) registrou 103 doações efetivadas no estado de janeiro a junho de 2015. Ao mesmo tempo, nesse período foram realizados 626 procedimentos. Segundo o coordenador da entidade, Joel de Andrade, a expecitativa é superar o recorde de 202 doações em todo o ano passado. "Se seguirmos nesse ritmo, a perspectiva é aumentar o número de doações. O segundo semestre de cada ano sempre é melhor do que o primeiro. E é algo muito importante, visto que mais de 700 catarinenses ainda esperam por transplantes, apesar da eficiência do sistema", afirma.

A queda da taxa de negativa familiar para a doação de órgãos de pacientes com morte encefálica também foi destacada por Andrade. "Avaliamos com muita alegria a transição que fizemos. Em 2007, 70% das famílias em Santa Catarina diziam não à doação. Hoje é menos de 40%. A preocupação é que, agora, é bem difícil diminuir essa taxa."

O exemplo a ser seguido é o da Espanha, onde os casos de recusa dos familiares de possíveis doadores representam cerca de 15% do total.  "A melhor experiência do mundo nesse sentido é a espanhola. Esse é o nosso norte, é pra lá que caminhamos. Temos condições de fazer isso", disse o coordenador da SC Transplantes.

Na avaliação de Andrade, diversos fatores contribuem para o resultado positivo obtido pela instituição ao longo dos anos. O médico citou a organização da equipe da SC Transplantes, o treinamento oferecido aos coordenadores hospitalares focado no atendimento às famílias de potenciais doadores e o apoio do Estado e da sociedade civil organizada. "O sucesso nunca vem de um fator só. Não podemos nos esquecer da generosidade do povo catarinense, que tem sido extremamente atento e solidário. Para uma família devastada pela perda de alguém que ama, a decisão nunca vai ser fácil. Mas a maior parte dos catarinenses tem dito sim à doação."

Para ser doador de órgãos no Brasil, basta conversar com a própria família sobre esse desejo. Não é necessário deixar nada por escrito, em nenhum documento. A doação só ocorre após a autorização familiar. "O documento não garante nada, mas uma palavra sim. Com 10 anos de experiência na SC Transplantes, digo que nunca houve negativa de uma família em que o indivíduo manifestou em vida a vontade de ser doador", frisou Andrade.

Lista de espera em SC

Santa Catarina tem uma lista de espera por um transplante de 757 pessoas. As maiores filas são para rim, com 343 pessoas e córnea, com 229, mas há ainda medula, coração, fígado, entre outros.

Os 626 procedimentos já realizados no estado este ano foram:

* 326 de córnea

* 111 de rim

* 63 de esclera

* 53 de fígado

* 36 de medula óssea

* 20 de osso

* 6 de rim e pâncreas

* 1 de coração

* 10 de válvula

A SC Transplantes mantém um site com informações, orientações, esclarecimento de dúvidas e até um sistema de busca ativa: http://sctransplantes.saude.sc.gov.br.