Ainda na madrugada desta terça-feira (19), aproximadamente cinco horas depois da prisão de um dos assaltantes que agrediram física e psicologicamente pai e filha no Bairro Santa Rita, a reportagem da Rádio Cidade voltou à Rua Victor Meirelles para ouvir as vítimas.
Com cerca de 30 pontos na cabeça, o homem de 55 anos mostrou as marcas deixadas pelos bandidos. Ambos foram mantidos reféns por cerca de uma hora sob a mira de um revólver calibre 38. As marcas de sangue estão por toda casa, que ficou completamente bagunçada.
O homem conta que os dois estavam na lavanderia estendendo roupa quando um estranho entrou no local e encostou uma arma na sua cabeça. “Nunca imaginei acontecer um assalto comigo. A gente vê na televisão e pensa que nunca vai chegar, mas chegou”, lamenta.
Em seguida, uma coronhada na cabeça o derrubou. “Ele gritava o tempo todo que queria R$ 100 mil”, lembra. O pai só pensava em sair vivo daquela situação. “Eu pedia que nos deixasse vivos”, afirma, contando que ofereceu a chave do carro ao bandido. “Eu disse: enche o carro com tudo o que quiser e leva, mas nos deixe viver, pelo amor de Deus”.
Pai e filha vivem sozinhos e o homem se preocupava o tempo inteiro com a menina tentando explicar ao bandido que, se algo lhe acontecesse, a filha ficaria sozinha. “Mas ele me enfrentou, amarrou minhas mãos para trás e veio com o pé na minha cabeça e no pescoço”, conta.
Nesse instante, o assaltante pegou o celular da vítima e fez uma ligação, no que apareceu mais um homem. “Um mantinha o pé no meu pescoço e o outro ia ensacando tudo para levar”, narra o pai.
A menina também foi rendida no chão com as mãos amarradas para trás. Eles ordenavam para que ela não olhasse para o rosto deles, caso contrário, atirariam no pai.
Como os homens repetiam a todo instante que queriam R$ 100 mil, o pai disse que o único dinheiro de que dispunha eram R$ 400 que estavam no carro. Apenas nesse instante os bandidos soltaram a menina para que ela fosse até o carro em busca do dinheiro, amarrando-a novamente.
Salvos
Pai e filha foram salvos por um amigo que iria visita-los exatamente no momento em que tudo acontecia. “Ele escutou lá da rua eu pedir que eles não nos matassem e que minha filha é minha vida”, afirma.
O amigo foi correndo até um vizinho e chamou a polícia, que agiu com rapidez. Ao perceber a aproximação da viatura, os bandidos tentaram fugir, mas não deu mais tempo. O assaltante que entrou primeiro na casa foi baleado em uma das pernas. O comparsa conseguiu escapar.
Tudo o que estava ensacado para ser roubado ficou jogado no lado de fora da casa. Apenas o dinheiro estava com o bandido baleado e foi recuperado pela polícia.
Mudança
A vítima conta que morava no Bairro Limoeiro até se mudar para o Santa Rita. “Achei que aqui era melhor, mais seguro, mas quem vê televisão, tem medo. A gente pensa que não acontece. É a pior coisa que existe”, diz.
Ainda abalado com tudo o que viveu, o homem afirma que pretende voltar para perto do pai e do irmão no Bairro Dom Joaquim, onde cresceu. “Eu só pensava em Deus e pedia pela vida”, finaliza.