Tribuna popular requer cautela, diz presidente
Passados cinco meses desde que iniciou os trabalhos, a atual legislatura da Câmara Municipal de Brusque já teve tempo de dizer à população pelo menos uma parte do que pretende fazer. Situação que vai desde o trabalho prático em plenário, com a votação das leis, de forma coerente e ao encontro do que o cidadão espera, até a postura em termos da imagem que passa para a comunidade. Uma missão que vai sendo costurada aos poucos, assegura o presidente da Casa, Guilherme Marchewsky (PMDB).
Em entrevista à Rádio Cidade, ele fala sobre um dos assuntos mais polêmicos e que fez com que o Legislativo caísse no descrédito da população nos últimos anos, o uso da tribuna popular pelo cidadão. Há um projeto em andamento que pretende tonar mais democrático este espaço. Porém, ainda com muitas ressalvas.
Além deste, outros temas abordados são a disputa das eleições do ano que vem, com o PMDB lançando nome à disputa, bem como para a Prefeitura em 2016, e a troca de comando da Câmara na atual legislatura. Um acordo entre os partidos da base de sustentação ao governo prevê que o PMDB ocupe a presidência nos dois primeiros anos e os outros dois fiquem com PP e PT, um ano de cada. Confira trechos da entrevista e, em áudio, a mesma na íntegra.
Rádio Cidade Nestes primeiros meses como presidente da Casa, dentro do que o senhor conhecia antes, que tipo de dificuldade tem sido o maior percalço para estar à frente do Legislativo?
Guilherme Marchewsky Dificuldade sempre tem. Eu sempre estava acompanhando como ouvinte, espectador, cidadão. Preparei-me para ser um vereador de tribuna. Por graça, tive uma boa votação, um bom trabalho que se fez junto com uma composição de dez partidos. Conseguimos fazer a maior na casa. Coloquei meu nome à disposição para ser presidente e fui agraciado. As dificuldades que tenho são com relação ao regimento. Fizemos uma reunião com os vereadores, onde nos propusemos fazer, a partir deste mês de maio, uma revisão geral do regimento interno. Porque tem muita vírgula, muitas questões de interpretação e o regimento tem que ser um pouco mais objetivo.
Rádio Cidade Que pontos, especificamente, se busca alterar nessa moldura do regimento?
Marchewsky A discussão de constitucionalidade, por exemplo, porque o regimento deixa uma vaga interpretação sobre isso. Realização de audiências públicas, pois o nosso regimento coloca que o presidente precisa tomar posição até 15 dias. Esse até 15 dias é meio dúbio e precisa ser reescrito. São questões pontuais.
Rádio Cidade O Legislativo nos últimos anos, principalmente nas duas ultimas legislaturas, criou uma imagem negativa perante a população. E essa legislatura tem a missão de recuperar isso. O que está sendo feito, efetivamente, para reverter isso?
Marchewsky Tenho pedido, primeiramente, que as pessoas acompanhem. As sessões. Que as pessoas saibam do que trata a Câmara de Vereadores e, a partir dali, possam acompanhar com mais afinco o trabalho que é feito pelo vereador. Que o vereador esteja presente. Muitas pessoas entendiam que a Câmara funcionava somente nas terças à noite e não é isso que ocorre. Abrimos a porta para que as pessoas se sintam convidadas. Quando a porta tinha o dispositivo automático, muitas pessoas não percebiam lá de fora, na calçada, se tinha movimento ou não. Temos aqui um grande grupo de pessoas que está trabalhando nas leis do município.
Rádio Cidade Ainda sobre essa questão de mudança de postura da Câmara, uma das principais, talvez, é o uso da tribuna popular. O que deve acontecer, de forma efetiva, para tornar o uso do espaço por parte do cidadão algo mais próximo dele?
Marchewsky Muitas vezes, o cidadão quer se manifestar, quer dizer aquilo que pensa. E, aí, tribuna será aberta, sim, dentro desse projeto do José Isaias Vechi, onde vamos ampliar essa discussão. O cidadão vai ter um tempo mínimo para que possa se colocar na tribuna, com o assunto que vai colocar e algumas questões que ainda teremos de aparar umas arestas.
Rádio Cidade Prevê o que já ocorre em outras câmaras, onde o cidadão pode se inscrever na hora, durante a sessão?
Marchewsky Esse é um dos pontos que está ainda nebulosa, pois pode chegar uma situação em que alguém pode vir defender uma ideia muito egocêntrica. Isso é um pouco dúbio ainda. Temos que repensar isso, de abrir a tribuna simplesmente para que a pessoa fale. Por isso temos a audiência pública, que já prevê isso. Nela você tem o microfone e pode falar sobre seu pensamento único e exclusivo. Na tribuna fica um pouco confuso nessa situação. Por enquanto, o projeto prevê que deve ter uma inscrição prévia, sobre a pessoa, a instituição e o assunto a ser discutido. E uma avaliação de uma comissão para dar o parecer pata que a pessoa possa usar a tribuna.
Rádio Cidade Mas, na prática, dessa forma, isso muda pouco, não é mesmo?
Marchewsky Hoje então temos essa abertura. A ideia é abrir essa prática. Fazer, primeiramente, um trabalho de educação política. Porque aqui, quando você vier colocar não pode defender o partido A ou B, tem que defender uma ideia. Mas uma ideia ampla. Então é importante se ter um pouco de precaução sobre isso. Temos essa intenção, de chegar a uma tribuna livre, mas ainda tem que ter precaução para que comecemos a trabalhar essa questão. Vejo que se abrirmos já e depois termos que fechar fica difícil.
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Entrevista Guilherme Marchewsky - presidente da Câmara Municipal de Brusque by Rádio Cidade AM