A maior polêmica gerada na sessão ordinária da Câmara de Vereadores de Brusque desta terça-feira (17) ocorreu na fase final dos trabalhos do Legislativo, quando entrou na pauta o requerimento apresentado pelo vereador Roberto Pedro Prudêncio Neto (PSD), baseado no manifesto assinado por cerca de 2.500 pessoas, no domingo (15). O documento pede que a presidente Dilma Roussef (PT) e os integrantes de seu governo se afastem do comando da Nação. O requerimento foi aprovado pela maioria dos vereadores (cinco votaram contrário).
Prudêncio disse que recebeu em seu gabinete um grupo de organizadores da manifestação do último domingo e estes lhe entregaram um manifesto legítimo, com nome, sobrenome, CPF e RG, pedindo o afastamento de imediato da presidente Dilma Roussef e de seus integrantes, envolvidos no petrolão. “O requerimento está de acordo com o pensamento das pessoas que assinaram o abaixo-assinado e que ali veem, através do vereador, da Câmara de Vereadores, o seu representante nato”, justificou o vereador.
O tema serviu para uma discussão acalorada, inclusive com manifestações de populares que estavam acompanhando a sessão e que “ganharam” um tira-gosto especial no decorrer da sessão. Um grupo contrário à administração pública distribuiu coxinhas no plenário, numa alusão crítica a uma suposta postagem do prefeito Paulo Eccel em uma rede social, após os manifestos do último domingo. Sobrou salgado e faltou público para assistir o debate de ideias entre os petistas e os demais vereadores, que usaram a tribuna para se manifestarem.
Entre os mais eloquentes que foram contrários à proposta do requerimento estavam o vereador Felipe Belotto e a vereadora Marli Leandro, ambos petistas. O primeiro disse, de forma enfática, que o manifesto teve sim a participação de partidos políticos, em Brusque. “Vereadores desta casa estavam lá e postaram fotos nas suas redes sociais, fizeram convocação aqui da tribuna em horário partidário e fizeram uso da manifestação para se promover”, disse o vereador Belotto, ressaltando foi um movimento partidário e que isso se caracteriza por ter como alvo um partido político, no caso o PT.
A vereadora Marli Leandro foi ainda mais contundente ao afirmar que o requerimento “é uma piada”. No entanto, ela reconheceu que as manifestações refletem o que estamos vivendo neste momento. “A grande maioria das pessoas que foi para as ruas se manifestar pelo fim da corrupção. Um grande número de pessoas também pediu reforma política, a continuidade do sistema democrático e nesse sentido, eu penso que todos nós precisamos fazer uma reflexão do que veio das ruas nesses momento”, comentou a vereadora.
O vereador Dejair Machado (PSD) disse, ao usar a tribuna da Câmara, que a pior cegueira das pessoas não é a clínica, mas a do fanatismo. “Quando o fanatismo se apossa da pessoa, a pessoa passa a não enxergar as coisas como na realidade elas acontecem”, disse Machado, em relação às manifestações de domingo. “Tem que aceitar que a manifestação foi totalmente apartidária, tem que ser aceitar, contra isso não há argumento”, avaliou.
Dejair ainda reforçou que uma intervenção militar está fora de cogitação e que um impeachment não é possível ser feito, pois há a necessidade de dois terços do Congresso aprovar a proposta e muito mais que esse percentual apoia o governo. Ele reconhece que a manifestação mostra uma insatisfação, mas que o caminho para as mudanças é através do voto.