Apesar do impasse e do percentual de reajuste referente ao ano passado ainda não ter sido definido, os empregados do setor têxtil de Brusque e região iniciaram a discussão sobre o valor deste ano. Em assembleias realizadas na última sexta-feira (22), na sede do Sintrafite (Sindicato dos Trabalhadores Têxteis), eles definiram encaminhar pedido de 10% de aumento nos salários.
A informação foi dada à Rádio Cidade esta manhã pelo presidente do Sintrafite, Anibal Boettger, durante entrevista ao programa Rádio Revista Cidade. O percentual é fruto de entendimento sobre a situação atual do setor, que está saindo da crise, afirma o sindicalista.
“Temos conversado com alguns empresários e eles dizem que não têm do que reclamar. Estão produzindo e o trabalhador está colaborando”, pontua ele.
Ele destaca que o cálculo de 10% leva em consideração o acumulado da inflação no período de um ano, que em março deve fechar em 4,77%, mais o chamado ganho real, que fica acima desse valor.
Boettger disse que, apesar de a negociação deste ano ter iniciado agora e a do ano passado estar emperrada, há empresas que se anteciparam e já concederam reajuste nos ganhos dos empregados. Ele citou o caso de uma em Brusque que, já no mês de fevereiro, aumentou os salários em 5%.
Sobre a negociação do ano passado, a decisão será tomada pela justiça. O impasse foi gerado porque a classe empresarial colocou como proposta reduzir o adicional noturno de 38%, pago há vários anos aos empregados que trabalham no período noturno, para valor abaixo dos 30% ou, até mesmo, no percentual que a lei manda, que é de apenas 20%. O sindicato não aceitou e não houve avanço.
Com isso, o caso foi parar nas mãos da justiça. Este ano, em janeiro, o Ministério Público emitiu parecer em favor dos trabalhadores, mas aguarda-se a decisão do juiz sobre o caso.
“Está lá no tribunal. O impasse ficou na questão do adicional noturno. Agora é aguardar a manifestação do sindicato patronal para que possamos começar a negociar a deste ano”, pontua Boettger.
A proposta de negociação entregue ao sindicato patronal (Sifitec) possui 48 cláusulas. Com a Reforma Trabalhista, que entrou em vigor em novembro de 2017, as Convenções Coletivas de Trabalho (CCT) ganharam poder maior sobre a legislação federal.