Caso de Hantavirose é investigado em Brusque
A Vigilância Epidemiológica de Brusque iniciou na terça-feira (8) o trabalho de investigação sobre a possível ocorrência de mais de um caso da doença denominada hantavirose, que é provocada pela urina e fezes do rato conhecido como "roedor silvestre". Há suspeitas de que pelo menos quatro pessoas tenham morrido nos últimos dois meses em função deste mal, que ataca os pulmões e é de difícil diagnóstico. A secretaria de Saúde do Governo do Estado foi informada das ocorrências e hoje (9) dois técnicos estarão em Brusque para iniciar os procedimentos que poderão elucidar as suspeitas.
A repentina morte de Rafael Carlos da Silva (25), ocorrida no início da tarde de segunda-feira (8) no Hospital de Azambuja, provocou um alvoroço no meio médico da cidade. O jovem, segundo amigos da família, começou a se sentir mal na quinta-feira (3), com dores de cabeça, febre e vômitos. Ao procurar o Hospital Evangélico, a família foi informada que o rapaz não poderia ser internado na UTI pelo Sistema Único de Saúde (SUS), apesar daquela casa de saúde ter o certificado de filantropia.
Foram feitos exames preliminares e no Raio-X dos pulmões a situação aparentava normalidade. Rafael foi levado a um quarto particular, onde permaneceu sedado e recebendo soro até a manhã de segunda-feira. Com o agravamento do quadro e a recusa do Hospital Evangélico em prestar socorro pelo SUS, a família se viu obrigada a buscar ajuda em outro centro de saúde.
Rafael foi transferido por volta das 10 horas da manhã de segunda-feira (8) para o Hospital de Azambuja, em uma UTI móvel contratada pela família. Levado às pressas, logo foi internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), onde já no primeiro exame dos pulmões a ação surpreendente do hantavirus se manifestava. O sistema respiratório do jovem estava totalmente tomado pela doença. Por volta das 14h30min, o rapaz não resistiu às investidas do vírus e veio a falecer.
Amostras dos pulmões, rins e fígado de Rafael foram encaminhadas pelos legislatas do Instituto Geral de Perícia (IGP) para exames laboratoriais. Um jovem que morava no bairro Guarani, assim como uma menina de 20 anos e uma senhora de 41, também teriam sido vítimas da mesma doença. Um homem de 51 anos, que apresentava os mesmos sintomas, teve alta da UTI no início da semana.
A morte de Rafael teria sido o quarto caso de pacientes que vieram a óbito com os mesmos sintomas. O pneumologista Márcio Martins, que participou do programa Agito Geral nesta terça feira (8), explicou que a hantavirose é uma doença relativamente nova no Brasil (os perimeiros casos teriam sido registrado em 1999, na região central do País) e que é difícil de ser diagnosticada, pois se parece com uma gripe em seu estágio inicial.
Segundo informações obtidas com exclusividade pela Rádio Cidade, é possível que nos últimos quatro meses tenham ocorrido 16 internações de pacientes com os mesmos sintomas. Destes, oito teriam morrido teoricamente pela mesma causa. Segundo a fonte dessas informações, as mortes teriam sido atestadas pelo hospital como sendo pneumonia.
Em contato telefônico na noite de terça-feira (8) com o diretor de Vigilância Epidemiológica da secretaria de Estado da Saúde, Luiz Antônio Silva, a reportagem da Rádio Cidade questionou sobre a possibilidade destes casos estarem relacionados com uma virose, uma vez que não seria normal que tantos óbitos ocorram em curto espaço de tempo com o mesmo diagnóstico.
Luiz Antônio foi enfático ao afirmar que, caso sejam confirmados pelo hospital esses óbitos e que todos tenham sido registrados como pneumonia, há sim uma possível virose pulmonar em andamento. O hantavírus normalmente é diagnosticado nas áreas rurais, onde a proliferação do "roedor silvestre" tem sido considerada quase que como uma praga pelo ministério da Saúde e onde foi registrada a maior parte dos casos da doença.
Nenhum outro animal, mesmo ratos da cidade, como camundongos e ratazanas, podem transmitir o vírus.


