Santa Catarina tem o maior índice de injúria racial do Brasil

O estado teve 2.865 registros de violência por injúria racial, neste ano, uma média de 7,8 denúncias diárias. O “recorde” foi apontado pelo Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2021.
O que chama atenção, é que só no ano de 2021, mais de dois mil casos foram registrados, mas, no período de três anos (2018 – 2021), apenas 133 chegaram ao Poder Judiciário de Santa Catarina (PJSC).
De acordo com o juiz Edison Alvanir Anjos de Oliveira Júnior, que atua no Vale do Itajaí, e é coordenador do Grupo de Trabalho (GT) Diversidades, criado pela Coordenadoria Estadual da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar (Cevid), em alguns casos, o Estado é tão ausente na vida das pessoas que mesmo na condição de vítimas, elas não procuram o sistema de justiça, por não saberem de seus direitos.
“A população negra sente-se oprimida quando é minoria, imagina em um local onde para cada dois negros existem oito brancos? Onde há região que se autodenomina ‘Vale Europeu’? Sem sombra de dúvidas a sensação de impunidade causa opressão e acaba desencorajando vítimas do racismo estrutural a buscar apoio, acolhimento, enfim, que seus direitos sejam reconhecidos”, pontuou.
Vale ressaltar que em Santa Catarina, apenas 19,8% da população se considera preta ou parda, dados do IBGE, em 2019. Para o magistrado, uma forma de combater esse racismo e essa desigualdade de direitos é democratizar o sistema de justiça.
“O que eu acredito é que se torna necessário democratizar as instituições do sistema de justiça, com a finalidade do acolhimento dessas vítimas. E a democratização somente se dará nessas instituições com a distribuição de cargos e postos de comando aos negros, às mulheres e à população LGBTQIA+, por exemplo”, explicou.