Sindicato repudia intervenção no IBGE

Para evitar que informações negativas sobre o desempenho da economia brasileira viessem causar danos ao governo federal em ano eleitoral, o mesmo decidiu intervir no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), determinando que a divulgação da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) fosse suspensa. O objetivo foi o de evitar que chegasse ao conhecimento da população que o desemprego em 2013, de acordo com os dados do PNAD Contínua, chegou a 7,1% na média nacional, e que o Nordeste registrou um índice de 9,5%, quase o dobro do índice registrado no Sul, e que justamente na região Nordeste do país, 20% dos jovens aptos para o mercado não têm ocupação. É o que afirmou Ronaldo Luis Pedroso, integrante do Sindicato Nacional Núcleo Sindical de Santa Catarina (ASSIBGE), em entrevista à Rádio Cidade nesta quarta-feira (23).
Ele disse que a atitude do governo criou uma grande revolta aos funcionários do IBGE, tanto que a diretora de Pesquisa, Márcia Quinstlr, e a coordenadora da Escola Nacional de Estatísticas, Denise Britz, pediram exoneração de seus cargos e outros coordenadores solidários à repulsa pela intervenção do governo junto ao Instituto também solicitaram suas demissões. No último dia 16 de abril, o Sindicato realizou uma manifestação de repúdio e já está programando um novo ato de protesto no próximo mês (maio).
O sindicalista é enfático ao afirmar que governos no passado também tentaram intervir no IBGE, mas diante da resistência do Instituto, estes recuaram de sua decisão democraticamente, o que não aconteceu agora em 2014, em que o governo federal determinou veementemente que a pesquisa seja apenas divulgada em 2015, após a realização das eleições em outubro, ou seja seguindo a premissa do ex-ministro da Fazenda, Rubens Ricupero, de que o que é bom a gente mostra, e o que é ruim a gente esconde".
Ronaldo Luis Pedroso disse que a presidente do IBGE, Wasmália Bivar, que é profissional de carreira no Instituto, ao conceder uma entrevista ao Jornal O Globo em dezembro de 2011, afirmara categoricamente que o IBGE não era manipulável e, agora, quase três anos depois, cedeu à pressão do governo federal, aceitando a intervenção. Ou seja, se contradizendo totalmente, demonstrando total incapacidade de presidir o IBGE, um instituto que é referência mundial, frisou ele.