O programa Conexão 92 da Rádio Cidade recebeu nesta segunda-feira (21), feriado de Tiradentes, o padre Sérgio Luiz Pedrotti, pároco da Igreja São Judas Tadeu, no bairro Águas Claras. Embora a visita estivesse inicialmente voltada à divulgação do Costelaço que ocorrerá no dia 1º de maio, em prol da reforma da igreja, o padre comentou também o assunto que repercute no mundo todo: o falecimento do Papa Francisco.
“Fomos surpreendidos com essa notícia que comove toda a Igreja Católica. O Papa Francisco será lembrado pelo seu amor pelos pobres, sua simplicidade e pelo olhar atento às causas sociais e ambientais”, afirmou o padre. Ele destacou a importância da encíclica Laudato Si, escrita pelo Papa, como um marco ambiental “muito à frente de seu tempo”.
Francisco foi o primeiro papa latino-americano e o primeiro jesuíta a ocupar o cargo máximo da Igreja. Seu papado de 12 anos, embora não tão longo quanto outros, foi marcado por uma abordagem mais próxima do povo. “Era uma pessoa simples, que andava de metrô, almoçava com os fiéis e frequentava estádios de futebol. Ele levou essa postura para dentro do Vaticano”, destacou.
O padre também comentou sobre o impacto dessa proximidade no perfil dos cardeais escolhidos por Francisco. “Muitos dos atuais cardeais votantes foram nomeados por ele, o que indica que o próximo papa deverá seguir uma linha teológica e pastoral semelhante”, avaliou.
Sucessão: um novo Papa a caminho
Com 135 cardeais votantes, o colégio eleitoral que definirá o novo Papa é majoritariamente europeu (40%), seguido por representantes da Ásia (23%), América do Norte (20%), América do Sul e África (18%), e Oceania (3%). Padre Sérgio fez sua aposta pessoal sobre quem pode suceder Francisco: o cardeal Pierbattista Pizzaballa, patriarca latino de Jerusalém.
“Ele é jovem, com 59 anos, muito acessível e querido dentro da Igreja. Está em um posto de destaque e tem proximidade com o Oriente, algo que tem sido valorizado”, explicou. O padre ressaltou ainda que a Igreja tem buscado maior diálogo com as igrejas orientais e ortodoxas, especialmente na tentativa de unificação das datas da Páscoa, uma proposta que já vinha sendo incentivada por Francisco.
“A Páscoa deste ano foi celebrada na mesma data por latinos e ortodoxos. Isso era um desejo antigo do Papa, sinalizando o desejo de unidade entre os cristãos”, destacou.
Apesar da expectativa pela eleição de um novo líder espiritual, o padre Sérgio reforça que não há ruptura de doutrina a cada troca de papa. “O novo papa não vai chegar mudando tudo. Os grandes temas da Igreja são sólidos. O que muda é o estilo pastoral e o modo de se aproximar do povo”, afirmou.