Uma reunião realizada na tarde desta terça-feira (17), no estádio Augusto Bauer, definiu os próximos passos para adequar o gramado sintético às exigências da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) para competições nacionais a partir de 2026. Estiveram presentes o presidente do Carlos Renaux, Altair Heck (Taico), Pedro Costa, da SAF Brusque, e Alessandro Oliveira, CEO da empresa Soccer Grass.
Segundo apuração da equipe de jornalismo esportivo da Rádio Cidade FM, tanto o Brusque quanto o Carlos Renaux já estavam cientes da necessidade de adequação e vinham tratando do tema com a empresa responsável pela instalação do gramado. Atualmente, o campo sintético do Augusto Bauer é utilizado pelas duas equipes: o Brusque desde 2024, em competições como a Série B do Campeonato Brasileiro e o Estadual, e o Carlos Renaux desde maio deste ano, na disputa da Série B do Catarinense. O Brusque por sua vez no Catarinense e na série C do Brasileirão.
O ponto central da reunião foi a exigência do selo FIFA Quality Pro, obrigatório para estádios com gramado sintético a partir de 2026. Até lá, os clubes poderão continuar usando o gramado atual, mas uma substituição será inevitável para atender aos padrões internacionais.
Pedro Costa, da SAF Brusque, afirmou que aguarda um diagnóstico técnico para definir os próximos passos:
“Estamos esperando que a empresa responsável nos envie um relatório detalhado com as adequações necessárias para obter a certificação. Assim que tivermos essas informações, vamos buscar uma solução viável.”
Já o presidente do Carlos Renaux, Taico, esclareceu que o clube não participou das tratativas iniciais entre o permutante do estádio e a empresa de gramado, o que gerou dúvidas:
“Não tivemos acesso ao contrato firmado na época da permuta, então não sabíamos exatamente o que havia sido acordado. Na reunião, ficou claro que será necessário substituir completamente o gramado. Mesmo sendo um campo relativamente novo, com menos de dois anos de uso, ele não se enquadra nas exigências da FIFA.”
Sobre os próximos passos, Taico explicou:
“A Soccer Grass vai elaborar um orçamento para a troca do gramado. Existe a possibilidade de reaproveitar o material atual em outro local, ou até mesmo comercializá-lo. O ponto principal é que a FIFA exige um gramado novo, mesmo que o modelo seja o mesmo que já está instalado.”
O empresário Alex Buschirolli, da BKR Park Mall — empresa parceira do Carlos Renaux na permuta que viabilizou a instalação do gramado —, também se manifestou sobre a situação. Ele afirmou que não participou da reunião, mas explicou o contexto da escolha do modelo de grama:
“Não sabia dessa reunião, até porque não me envolvo. Com relação ao gramado, é uma questão que a CBF aumentou o nível de exigência. Quando o pessoal da Soccer Grass esteve aqui em Brusque pela primeira vez, foi deixado claro que o gramado seria aceito para todas as competições da CBF, mas não seria válido para torneios da FIFA ou da Sul-Americana, que já exigiam o selo FIFA Quality Pro.”
Segundo ele, o custo foi o fator determinante na escolha do modelo instalado:
“O Quality Pro custava mais de R$ 2 milhões a mais que o gramado instalado. Então não foi uma questão de descuido, e sim de viabilidade. O Renaux, naturalmente, não quis investir um valor tão maior em algo que não era exigido pela CBF naquele momento. Essa exigência surgiu agora, em 15 de abril, conforme o novo regulamento. Inclusive, tenho esse regulamento em mãos. Até então, não havia qualquer exigência por parte da CBF sobre isso.”
Buschirolli ainda comentou que a diferença prática entre os modelos é mínima, e que o estado atual do gramado se deve à falta de manutenção:
“Em termos de qualidade, praticamente não muda nada. O problema hoje não está no tipo de grama, mas na falta de manutenção. Isso é algo que o próprio clube já reconhece.”
Empresas e nova certificação
A assessoria da Soccer Grass ainda não se pronunciou oficialmente sobre o caso até o fechamento desta atualização. Com a nova diretriz da CBF publicada em abril, a certificação FIFA Quality Pro passa a ser obrigatória para todos os estádios com gramado sintético que desejem sediar competições nacionais a partir de 2026.
Tanto o Brusque quanto o Carlos Renaux poderão seguir mandando seus jogos no Augusto Bauer até o fim de 2025, conforme as permissões atuais da CBF e da Federação Catarinense de Futebol (FCF).
Entenda o contexto
A instalação do gramado sintético no Augusto Bauer ocorreu por meio de uma permuta: o Carlos Renaux cedeu parte do terreno do estádio para a construção do empreendimento BKR Park Mall e, em troca, recebeu a reforma completa da estrutura esportiva, incluindo o campo. A opção, na época, foi por um gramado que atendesse às exigências então vigentes da CBF, sem a certificação internacional da FIFA — o que agora, com as novas regras, precisará ser revisto.