O confronto entre Brusque e Itabaiana-SE nesta segunda-feira (4), pela Série C do Campeonato Brasileiro, marca o primeiro duelo entre os clubes na história. Mas, mesmo sem histórico entre as equipes, a partida carrega um elo afetivo especial: o ex-atacante Milton Angioletti, morador de Guabiruba, é considerado ídolo em Itabaiana, no interior de Sergipe.
Angioletti foi o convidado do programa Batendo Papo, Batendo Bola da última sexta-feira (1º) e relembrou com emoção os nove anos em que defendeu o Tremendão da Serra. “Não foram nove dias, nem nove meses, foram nove anos de uma história linda. Fui tetra e depois pentacampeão sergipano. Toda a cidade se envolveu naquele momento. Fiz parte de algo muito maior do que eu”, recordou.
Ele chegou ao Itabaiana em 1981, vindo do Paysandu, e logo marcou o gol da vitória em sua estreia, contra o Confiança, em Aracaju. “Era decisão de turno e fazia três anos que o Itabaiana não vencia o Confiança no Batistão. Fiz o gol da vitória e aquilo virou carnaval na cidade”, disse, rindo.
Apesar de não se considerar um craque, Angioletti destacou sua dedicação: “Nunca fui o mais habilidoso, mas fui muito esforçado. Eu não dormia antes dos jogos, era muita ansiedade. E sempre deixei tudo em campo.”
Apelidado de “Gringo” pelos torcedores locais, por conta da dificuldade em pronunciar seu sobrenome, Angioletti criou laços profundos com Itabaiana. “Fui muito bem recebido. A cidade me acolheu como um filho. Tenho amigos até hoje lá, da imprensa, ex-companheiros, e da torcida. Sou muito grato.”
Durante a entrevista, ele mostrou com orgulho a camisa do Itabaiana com cinco estrelas no peito e relembrou passagens marcantes, como o gol de empate no clássico contra o Sergipe, que levou a torcida ao delírio. “Tive a ousadia de provocar a torcida rival... Era a alma do futebol dos anos 80.”
Angioletti também contou sobre sua volta para Brusque em 1990, onde encerrou a carreira jogando pelo Bruscão. “Fechei o ciclo. Saí daqui, fiz história lá, e voltei pra casa. Tenho orgulho dessa trajetória.”
Questionado sobre para quem torcerá no duelo entre seus dois clubes do coração, ele se saiu com elegância: “Torço por um bom jogo e que o Brusque se classifique entre os oito. Mas quero que o Itabaiana continue na Série C. Tenho carinho pelos dois.”
Com bom humor, o ex-jogador agradeceu a participação na Rádio Cidade e prometeu acompanhar a partida. “O difícil vai ser decidir onde ficar no estádio”, brincou.